Página 505 - O Grande Conflito

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Ameaça à consciência
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os verdadeiros autores da mudança. “Todas as coisas”, diz ele, “que
se deveriam fazer no sábado nós as transferimos para o dia do
Senhor.” — Leis e Deveres Sabáticos, de R. Cox. Mas o argumento
do domingo, infundado como era, serviu para incentivar os homens
a desprezarem o sábado do Senhor. Todos os que desejavam ser
honrados pelo mundo, aceitaram a festividade popular.
Com o firme estabelecimento do papado, a obra da exaltação do
domingo continuou. Durante algum tempo o povo se ocupou com
trabalho agrícola fora das horas de culto, e o sétimo dia, o sábado,
continuou a ser considerado como dia de repouso. Lenta e segura-
mente, porém, se foi efetuando a mudança. Aos que se achavam em
cargos sagrados era vedado proceder, no domingo, a julgamentos
em qualquer questão civil. Logo depois, ordenava-se a todas as pes-
soas; de qualquer classe, abster-se do trabalho usual, sob pena de
multa aos livres, e açoites no caso de serem servos. Mais tarde foi
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decretado que os ricos fossem punidos com a perda da metade dos
bens; e, finalmente, que, se obstinassem, fossem escravizados. As
classes inferiores deveriam sofrer banimento perpétuo.
Recorreu-se também aos milagres. Entre outros prodígios foi
referido que estando um lavrador, em dia de domingo, a limpar
o arado com um ferro para em seguida lavrar o campo, o ferro
cravou-se-lhe firmemente na mão, e durante dois anos ele o carregou
consigo, “para a sua grande dor e vergonha.” — Discurso Histórico
e Prático Sobre o Dia do Senhor, de Francis West.
Mais tarde o papa deu instruções para que o padre da paróquia
admoestasse os violadores do domingo, e fizesse com que fossem à
igreja dizer suas orações, não acontecesse trouxessem eles alguma
grande calamidade sobre si mesmos e os vizinhos. Um concílio
eclesiástico apresentou o argumento, desde então mui largamente
empregado, mesmo pelos protestantes, de que, tendo pessoas sido
fulminadas por raios enquanto trabalhavam no domingo, deve este
ser o dia de repouso. “É evidente”, diziam os prelados, “quão grande
foi o desprazer de Deus pela sua negligência quanto a este dia.”
Fez-se então o apelo para que padres e ministros, reis e príncipes,
e todo o povo fiel, “empregassem os maiores esforços e cuidado a
fim de que o dia fosse restabelecido à sua honra e, para crédito do
cristianismo, mais dedicadamente observado no futuro.” — Discurso