500
O Grande Conflito
mostrar-se-á tão bem-sucedida no preparar o caminho para a aceita-
ção do papado com seu formalismo aprazível, como o fez a retenção
do saber ao abrir o caminho para o seu engrandecimento na Idade
Média.
No movimento ora em ação nos Estados Unidos a fim de con-
seguir para as instituições e usos da igreja o apoio do Estado, os
protestantes estão a seguir as pegadas dos romanistas. Na verdade,
mais que isto, estão abrindo a porta para o papado a fim de adquirir
na América do Norte protestante a supremacia que perdeu no Velho
Mundo. E o que dá maior significação a este movimento é o fato
de que o principal objeto visado é a obrigatoriedade da observância
do domingo, prática que se originou com Roma, e que ela alega
como sinal de sua autoridade. É o espírito do papado — espírito de
conformidade com os costumes mundanos, com a veneração das
tradições humanas acima dos mandamentos de Deus — que está
embebendo as igrejas protestantes e levando-as a fazer a mesma
obra de exaltação do domingo, a qual antes delas fez o papado.
Se o leitor deseja compreender que agentes atuarão na luta pres-
tes a vir, não tem senão que investigar o relato dos meios que Roma
empregou com o mesmo fito nos séculos passados. Se quiser saber
[574]
como romanistas e protestantes, unidos, tratarão os que rejeitarem
seus dogmas, veja o espírito que Roma manifestou em relação ao
sábado e seus defensores.
Editos reais, concílios gerais e ordenanças eclesiásticas, apoia-
das pelo poder secular, foram os passos por que a festividade pagã
alcançou posição de honra no mundo cristão. A primeira medida de
ordem pública impondo a observância do domingo foi a lei feita por
Constantino. (No ano 321.) Este edito exigia que o povo da cidade
repousasse “no venerável dia do Sol”, mas permitia aos homens do
campo continuarem com suas fainas agrícolas. Posto que virtual-
mente um estatuto pagão, foi imposto pelo imperador depois de ser
nominalmente aceito pelo cristianismo.
Como a ordem real não parecia substituir de modo suficiente a
autoridade divina, Eusébio, bispo que procurava o favor dos príncipes
e era amigo íntimo e adulador de Constantino, propôs a alegação de
que Cristo transferira o sábado para o domingo. Nenhum testemunho
das Escrituras, sequer, foi aduzido em prova da nova doutrina. O
próprio Eusébio inadvertidamente reconhece sua falsidade, e indica