Página 524 - O Grande Conflito

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O Grande Conflito
pastores, professores de teologia, como seus guias, em vez de exami-
narem as Escrituras a fim de, por si mesmos, aprenderem seu dever.
Então, dominando o espírito desses dirigentes, pode influenciar as
multidões de acordo com sua vontade.
Quando Cristo veio para falar as palavras de vida, o povo comum
O ouvia alegremente; e muitos, mesmo dos sacerdotes e príncipes,
creram nEle. Mas os principais do sacerdócio e os primeiros homens
da nação estavam decididos a condenar e repudiar-Lhe os ensinos.
Fossem embora frustrados todos os seus esforços para encontrar
acusações contra Ele, e sem mesmo poder fugir à influência do poder
e sabedoria divinos, que acompanhavam Suas palavras, encerraram-
se, todavia, no preconceito; rejeitaram a mais clara evidência de
Seu caráter messiânico, receosos de que fossem constrangidos a se
tornarem Seus discípulos. Estes oponentes de Jesus eram homens
que o povo desde a infância fora ensinado a reverenciar, a cuja
autoridade se havia acostumado implicitamente a curvar-se. “Como
é”, perguntavam, “que nossos príncipes e doutos escribas não crêem
em Jesus? Não O receberiam estes homens pios se Ele fosse o
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Cristo?” Foi a influência desses ensinadores que levou a nação
judaica a rejeitar seu Redentor.
O espírito que atuava naqueles sacerdotes e príncipes, é ainda
manifesto por muitos que fazem alta profissão de piedade. Recusam-
se a examinar o testemunho das Escrituras concernente às verdades
especiais para este tempo. Apontam para o seu número, riqueza e
popularidade, e olham com desdém os defensores da verdade, sendo
estes poucos, pobres e impopulares, tendo uma fé que os separa do
mundo.
Cristo previu que o fato de acatar da autoridade a que se entrega-
vam os fariseus e escribas não cessaria com a dispersão dos judeus.
Com o olhar profético viu a obra de exaltação da autoridade humana,
com o fim de reger a consciência, a qual tem sido para a igreja uma
tão terrível maldição, em todos os tempos. E Suas tremendas acusa-
ções aos escribas e fariseus, bem como as advertências ao povo para
que não seguisse aqueles guias cegos, foram registradas como aviso
às gerações futuras.
A Igreja Romana reserva ao clero o direito de interpretar as Es-
crituras. Sob o fundamento de que unicamente os eclesiásticos são
competentes para explicar a Palavra de Deus, é esta vedada ao povo