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O Grande Conflito
Sobre a “Presença Real”, do Cardeal Wiseman. Com blasfema pre-
sunção pretendiam abertamente o poder de criarem Deus, o Criador
de todas as coisas. Aos cristãos exigia-se, sob pena de morte, con-
fessar sua fé nesta heresia horrível, que insulta ao Céu. Multidões
que a isto se recusaram foram entregues às chamas.
No século XIII foi estabelecido a mais terrível de todas as arma-
dilhas do papado — a inquisição. O príncipe das trevas trabalhava
com os dirigentes da hierarquia papal. Em seus concílios secretos,
Satanás e seus anjos dirigiam a mente de homens maus, enquanto,
invisível entre eles, estava um anjo de Deus, fazendo o tremendo
relatório de seus iníquos decretos e escrevendo a história de ações
por demais horrorosas para serem desvendadas ao olhar humano. “A
grande Babilônia” estava “embriagada do sangue dos santos.” Os
corpos mutilados de milhões de mártires pediam vingança a Deus
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contra o poder apóstata.
O papado se tornou o déspota do mundo. Reis e imperadores cur-
vavam-se aos decretos do pontífice romano. O destino dos homens,
tanto temporal como eterno, parecia estar sob seu domínio. Durante
séculos as doutrinas de Roma tinham sido extensa e implicitamente
recebidas, seus ritos reverentemente praticados, suas festas geral-
mente observadas. Seu clero era honrado e liberalmente mantido.
Nunca a Igreja de Roma atingiu maior dignidade, magnificência ou
poder.
Mas “o meio-dia do papado foi a meia-noite do mundo.” —
História do Protestantismo, de Wylie. As Sagradas Escrituras eram
quase desconhecidas, não somente pelo povo mas pelos sacerdotes.
Como os fariseus de outrora, os dirigentes papais odiavam a luz que
revelaria os seus pecados. Removida a lei de Deus — a norma de
justiça — exerciam eles poder sem limites e praticavam os vícios
sem restrições. Prevaleciam a fraude, a avareza, a libertinagem. Os
homens não recuavam de crime algum pelo qual pudessem adquirir
riqueza ou posição. Os palácios dos papas e prelados eram cená-
rios da mais vil devassidão. Alguns dos pontífices reinantes eram
acusados de crimes tão revoltantes que os governadores seculares
se esforçavam por depor esses dignitários da igreja como monstros
demasiado vis para serem tolerados. Durante séculos a Europa não
fez progresso no saber, nas artes ou na civilização. Uma paralisia
moral e intelectual caíra sobre a cristandade.