Página 53 - O Grande Conflito

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Como começaram as trevas morais
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Os séculos que se seguiram testemunharam aumento constante
de erros nas doutrinas emanadas de Roma. Mesmo antes do estabele-
cimento do papado, os ensinos dos filósofos pagãos haviam recebido
atenção e exercido influência na igreja. Muitos que se diziam con-
versos ainda se apegavam aos dogmas de sua filosofia pagã, e não
somente continuaram no estudo desta, mas encareciam-no a outros
como meio de estenderem sua influência entre os pagãos. Erros
graves foram assim introduzidos na fé cristã. Destaca-se entre outros
o da crença na imortalidade natural do homem e sua consciência
na morte. Esta doutrina lançou o fundamento sobre o qual Roma
estabeleceu a invocação dos santos e a adoração da Virgem Maria.
Disto também proveio a heresia do tormento eterno para os que
morrem impenitentes, a qual logo de início se incorporara à fé papal.
Achava-se então preparado o caminho para a introdução de ainda
outra invenção do paganismo, a que Roma intitulou purgatório e em-
pregou para amedrontar as multidões crédulas e supersticiosas. Com
esta heresia afirma-se a existência de um lugar de tormento, no qual
as almas dos que não mereceram condenação eterna devem sofrer
castigo por seus pecados, e do qual, quando libertas da impureza,
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são admitidas no Céu.
Ainda uma outra invencionice era necessária para habilitar Roma
a aproveitar-se dos temores e vícios de seus adeptos. Esta foi suprida
pela doutrina das indulgências. Completa remissão dos pecados,
passados, presentes e futuros, e livramento de todas as dores e pe-
nas em que os pecados importam, eram prometidos a todos os que
se alistassem nas guerras do pontífice para estender seu domínio
temporal, castigar seus inimigos e exterminar os que ousassem ne-
gar-lhe a supremacia espiritual. Ensinava-se também ao povo que,
pelo pagamento de dinheiro à igreja, poderia livrar-se do pecado e
igualmente libertar as almas de seus amigos falecidos que estives-
sem condenados às chamas atormentadoras. Por esses meios Roma
abarrotou os cofres e sustentou a magnificência, o luxo e os vícios
dos pretensos representantes dAquele que não tinha onde reclinar a
cabeça.
A ordenança escriturística da ceia do Senhor fora suplantada
pelo idolátrico sacrifício da missa. Sacerdotes papais pretendiam,
mediante esse disfarce destituído de sentido, converter o simples pão
e vinho no verdadeiro “corpo e sangue de Cristo.” — Conferências