Aproxima-se o tempo de angústia
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esta minoria seja objeto de ódio universal. Insistir-se-á em que os
poucos que permanecem em oposição a uma instituição da igreja
e lei do Estado, não devem ser tolerados; que é melhor que eles
sofram do que nações inteiras sejam lançadas em confusão e ilega-
lidade. O mesmo argumento, há mil e oitocentos anos, foi aduzido
contra Cristo pelos “príncipes do povo.” “Convém”, disse o astu-
cioso Caifás, “que um homem morra pelo povo, e que não pereça
toda a nação.”
João 11:50
. Este argumento parecerá conclusivo; e
expedir-se-á, por fim, um decreto contra os que santificam o sábado
do quarto mandamento, denunciando-os como merecedores do mais
severo castigo, e dando ao povo liberdade para, depois de certo
tempo, matá-los. O romanismo no Velho Mundo, e o protestantismo
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apóstata no Novo, adotarão uma conduta idêntica para com aqueles
que honram todos os preceitos divinos.
O povo de Deus será então imerso naquelas cenas de aflição e
angústia descritas pelo profeta como o tempo de angústia de Jacó.
“Assim diz o Senhor: Ouvimos uma voz de tremor, de temor mas não
de paz. ... Por que se têm tornado macilentos todos os rostos? Ah!
porque aquele dia é tão grande, que não houve outro semelhante! e é
tempo de angústia para Jacó; ele porém será livrado dela.”
Jeremias
30:5-7
.
A noite de angústia de Jacó, quando lutou em oração para obter
livramento da mão de Esaú (
Gênesis 32:24-30
), representa a ex-
periência do povo de Deus no tempo de tribulação. Por causa do
engano praticado a fim de conseguir a bênção de seu pai, destinada a
Esaú, havia Jacó fugido para salvar a vida, alarmado pelas ameaças
de morte feitas por seu irmão. Depois de ficar muitos anos como
exilado, pôs-se a caminho, por ordem de Deus, para voltar com suas
mulheres e filhos, rebanhos e gado, ao país natal. Chegando às fron-
teiras da terra, encheu-se de terror com as notícias da aproximação
de Esaú à frente de um bando de guerreiros, indubitavelmente de-
terminado à vingança. A multidão de Jacó, desarmada e indefesa,
parecia prestes a cair desamparadamente como vítima da violência
e morticínio. E ao fardo de ansiedade e temor acrescentou-se o peso
esmagador da reprovação de si próprio; pois que era o seu pecado
que acarretara este perigo. Sua única esperança estava na misericór-
dia de Deus; sua defesa única deveria ser a oração. Todavia, nada
deixa de sua parte por fazer a fim de expiar a falta para com seu ir-