Página 56 - O Grande Conflito

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Capítulo 4 — Um povo que difunde luz
Por entre as trevas que baixaram à Terra durante o longo período
da supremacia papal, a luz da verdade não poderia ficar inteiramente
extinta. Em cada época houve testemunhas de Deus — homens
que acalentavam fé em Cristo como único mediador entre Deus e
o homem, que mantinham a Escritura Sagrada como a única regra
de vida, e santificavam o verdadeiro sábado. Quanto o mundo deve
a estes homens, a posteridade jamais saberá. Foram estigmatizados
como hereges, impugnados os seus motivos, criticado o seu caráter,
e suprimidos, difamados ou mutilados os seus escritos. No entanto,
permaneceram firmes, e de século em século mantiveram a fé em
sua pureza como sagrado legado às gerações vindouras.
A história do povo de Deus durante os séculos de trevas que se
seguiram à supremacia de Roma, está escrita no Céu, mas pouco
espaço ocupa nos registros humanos. Poucos traços de sua existência
se podem encontrar, a não ser nas acusações de seus perseguidores.
Foi tática de Roma obliterar todo vestígio de dissidência de suas
doutrinas ou decretos. Tudo que fosse herético, quer pessoas quer
escritos, procurava ela destruir. Expressões de dúvida ou questões
quanto à autoridade dos dogmas papais eram suficientes para tirar
a vida do rico ou pobre, elevado ou humilde. Roma se esforçava
também por destruir todo registro de sua crueldade para com os
que discordavam dela. Os concílios papais decretavam que livros
ou escritos contendo relatos desta natureza deviam ser lançados
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às chamas. Antes da invenção da imprensa, os livros eram pouco
numerosos, e de forma desfavorável à preservação; portanto, pouco
havia a impedir que os romanistas levassem a efeito o seu desígnio.
Nenhuma igreja dentro dos limites da jurisdição romana ficou
muito tempo sem ser perturbada no gozo da liberdade de consciência.
Mal o papado obtivera poder, estendeu os braços para esmagar a
todos os que se recusassem a reconhecer-lhe o domínio; e, uma após
outra, submeteram-se as igrejas ao seu governo.
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