Página 57 - O Grande Conflito

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Um povo que difunde luz
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Na Grã-Bretanha o primitivo cristianismo muito cedo deitou
raízes. O evangelho, recebido pelos bretões nos primeiros séculos,
não se achava então corrompido pela apostasia romana. A persegui-
ção dos imperadores pagãos, que se estendeu mesmo até àquelas
praias distantes, foi a única dádiva que a primeira igreja da Bretanha
recebeu de Roma. Muitos dos cristãos, fugindo da perseguição na
Inglaterra, encontraram refúgio na Escócia; daí a verdade foi levada
à Irlanda, sendo em todos estes países recebida com alegria.
Quando os saxões invadiram a Bretanha, o paganismo conseguiu
predomínio. Os conquistadores desdenharam ser instruídos por seus
escravos, e os cristãos foram obrigados a retirar-se para as montanhas
e os pântanos. Não obstante, a luz por algum tempo oculta continuou
a arder. Na Escócia, um século mais tarde, brilhou ela com um
fulgor que se estendeu a mui longínquas terras. Da Irlanda vieram o
piedoso Columba e seus colaboradores, os quais, reunindo em torno
de si os crentes dispersos da solitária ilha de Iona, fizeram desta
o centro de seus trabalhos missionários. Entre estes evangelistas
encontrava-se um observador do sábado bíblico, e assim esta verdade
foi introduzida entre o povo. Estabeleceu-se uma escola em Iona, da
qual saíram missionários, não somente para a Escócia e Inglaterra,
mas para a Alemanha, Suíça e mesmo para a Itália.
Roma, porém, fixara os olhos na Bretanha e resolvera pô-la sob
sua supremacia. No século VI seus missionários empreenderam a
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conversão dos pagãos saxões. Foram recebidos com favor pelos
orgulhosos bárbaros, e induziram muitos milhares a professar a fé
romana. O trabalho progredia e os dirigentes papais e seus con-
versos encontraram os cristãos primitivos. Eloqüente contraste se
apresentou. Os últimos eram simples, humildes e de caráter, dou-
trina e maneiras segundo as Escrituras, ao passo que os primeiros
manifestavam a superstição, a pompa e a arrogância do papado. O
emissário de Roma exigiu que estas igrejas cristãs reconhecessem
a supremacia do soberano pontífice. Os bretões mansamente repli-
caram que desejavam amar a todos os homens, mas que o papa não
tinha direito à supremacia na igreja, e que eles poderiam prestar-lhe
somente a submissão devida a todo seguidor de Cristo. Repetidas
tentativas foram feitas para se conseguir sua adesão a Roma; mas
esses humildes cristãos, espantados com o orgulho ostentado por
seus emissários, firmemente replicavam que não conheciam outro