Página 58 - O Grande Conflito

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O Grande Conflito
mestre senão a Cristo. Revelou-se, então, o verdadeiro espírito do
papado. Disse o chefe romano: “Se não receberdes irmãos que vos
trazem paz, recebereis inimigos que vos trarão guerra. Se vos não
unirdes conosco para mostrar aos saxões o caminho da vida, recebe-
reis deles o golpe de morte.” — História da Reforma do Século XVI,
D’Aubigné. Não era isto simples ameaça. Guerra, intriga e engano
foram empregados contra as testemunhas de uma fé bíblica, até que
as igrejas da Bretanha foram destruídas ou obrigadas a submeter-se
à autoridade do papa.
Em terras que ficavam além da jurisdição de Roma, existiram
por muitos séculos corporações de cristãos que permaneceram quase
inteiramente livres da corrupção papal. Estavam rodeados de pagãos
e, no transcorrer dos séculos, foram afetados por seus erros; mas
continuaram a considerar a Escritura Sagrada como a única regra de
fé, aceitando muitas de suas verdades. Estes cristãos acreditavam
na perpetuidade da lei de Deus e observavam o sábado do quarto
mandamento. Igrejas que se mantinham nesta fé e prática, existiram
na África Central e entre os armênios, na Ásia.
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Mas dentre os que resistiram ao cerco cada vez mais apertado
do poder papal, os valdenses ocuparam posição preeminente. A fal-
sidade e corrupção papal encontraram a mais decidida resistência
na própria terra em que o papa fixara a sede. Durante séculos as
igrejas do Piemonte mantiveram-se independentes; mas afinal che-
gou o tempo em que Roma insistiu em submetê-las. Depois de lutas
inúteis contra a tirania, os dirigentes destas igrejas reconheceram
relutantemente a supremacia do poder a que o mundo todo parecia
render homenagem. Alguns houve, entretanto, que se recusaram
a ceder à autoridade do papa ou do prelado. Estavam decididos a
manter sua fidelidade a Deus, e preservar a pureza e simplicidade
de fé. Houve separação. Os que se apegaram à antiga fé, retiraram-
se; alguns, abandonando os Alpes nativos, alçaram a bandeira da
verdade em terras estrangeiras; outros se retraíram para os vales
afastados e fortalezas das montanhas, e ali preservaram a liberdade
de culto a Deus.
A fé que durante muitos séculos fora mantida e ensinada pelos
cristãos valdenses, estava em assinalado contraste com as falsas
doutrinas que Roma apresentava. Sua crença religiosa baseava-se na
Palavra escrita de Deus — o verdadeiro documento religioso do cris-