Página 59 - O Grande Conflito

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Um povo que difunde luz
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tianismo. Mas aqueles humildes camponeses, em seu obscuro retiro,
excluídos do mundo e presos à labuta diária entre seus rebanhos e
vinhedos, não haviam por si sós chegado à verdade em oposição aos
dogmas e heresias da igreja apóstata. A fé que professavam não era
nova. Sua crença religiosa era a herança de seus pais. Lutavam pela
fé da igreja apostólica — a “fé que uma vez foi dada aos santos.”
Judas 3
. “A igreja no deserto” e não a orgulhosa hierarquia entroni-
zada na grande capital do mundo, era a verdadeira igreja de Cristo,
a depositária dos tesouros da verdade que Deus confiara a Seu povo
para ser dada ao mundo.
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Entre as principais causas que levaram a igreja verdadeira a sepa-
rar-se da de Roma, estava o ódio desta ao sábado bíblico. Conforme
fora predito pela profecia, o poder papal lançou a verdade por terra.
A lei de Deus foi lançada ao pó, enquanto se exaltavam as tradições
e costumes dos homens. As igrejas que estavam sob o governo do
papado, foram logo compelidas a honrar o domingo como dia santo.
No meio do erro e superstição que prevaleciam, muitos, mesmo
dentre o verdadeiro povo de Deus, ficaram tão desorientados que
ao mesmo tempo em que observavam o sábado, abstinham-se do
trabalho também no domingo. Isto, porém, não satisfazia aos chefes
papais. Exigiam não somente que fosse santificado o domingo, mas
que o sábado fosse profanado; e com a mais violenta linguagem
denunciavam os que ousavam honrá-lo. Era unicamente fugindo ao
poder de Roma que alguém poderia em paz obedecer à lei de Deus.
Os valdenses foram os primeiros dentre os povos da Europa a
obter a tradução das Sagradas Escrituras. Centenas de anos antes
da Reforma, possuíam a Bíblia em manuscrito, na língua materna.
Tinham a verdade incontaminada, e isto os tornava objeto especial
do ódio e perseguição. Declaravam ser a Igreja de Roma a Babilônia
apóstata do Apocalipse, e com perigo de vida erguiam-se para resistir
a suas corrupções. Opressos pela prolongada perseguição, alguns
comprometeram sua fé, cedendo pouco a pouco em seus princípios
distintivos, enquanto outros sustentavam firme a verdade. Durante
séculos de trevas e apostasia, houve alguns dentre os valdenses que
negavam a supremacia de Roma, rejeitavam o culto às imagens como
idolatria e guardavam o verdadeiro sábado. Sob as mais atrozes
tempestades da oposição conservaram a fé. Perseguidos embora pela
espada dos saboianos (França) e queimados pela fogueira romana,