Página 564 - O Grande Conflito

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O Grande Conflito
Cessaram os gracejos escarnecedores. Cerraram-se os lábios
mentirosos. O choque das armas, o tumulto da batalha “com ruído, e
os vestidos que rolavam no sangue” (
Isaías 9:5
), silenciaram. Nada
se ouve agora senão a voz de orações e o som do choro e lamentação.
Dos lábios que tão recentemente zombavam irrompe o clamor: “É
vindo o grande dia da Sua ira; e quem poderá subsistir?” Os ímpios
suplicam para que sejam sepultados sob as rochas das montanhas,
em vez de ver o rosto dAquele que desprezaram e rejeitaram.
Aquela voz que penetra no ouvido dos mortos, eles a conhecem.
Quantas vezes seus ternos e suplicantes acentos os chamaram ao
arrependimento! Quantas vezes foi ela ouvida nos rogos tocantes
de um amigo, um irmão, um Redentor! Para os que rejeitaram Sua
graça, nenhuma outra voz poderia ser tão cheia de censura, tão car-
regada de denúncias, como aquela que durante tanto tempo assim
pleiteou: “Convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que
razão morrereis?”
Ezequiel 33:11
. Quem dera para eles fosse a voz
de um estranho! Diz Jesus: “Clamei, e vós recusastes; porque estendi
a Minha mão, e não houve quem desse atenção; antes rejeitastes todo
o Meu conselho, e não quisestes a Minha repreensão.”
Provérbios
1:24, 25
. Aquela voz desperta memórias que eles desejariam arden-
temente se desvanecessem — advertências desprezadas, convites
recusados, privilégios tidos em pouca conta.
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Ali estão os que zombaram de Cristo à Sua humilhação. Com
uma força penetrante lhes ocorrem as palavras do Sofredor, quando,
conjurado pelo sumo sacerdote, declarou solenemente: “Vereis em
breve o Filho do homem assentado à direita do poder, e vindo sobre
as nuvens do céu.”
Mateus 26:64
. Agora O contemplam em Sua
glória, e ainda O devem ver assentado à direita do poder.
Os que escarneceram de Sua declaração de ser Ele o Filho de
Deus, estão agora mudos. Ali está o altivo Herodes, que zombou
de Seu título real, mandando os soldados zombadores coroá-Lo rei.
Estão ali os mesmos homens que com mãos ímpias Lhe colocaram
sobre o corpo o manto de púrpura, e sobre a fronte sagrada a coroa
de espinhos, e na mão, que não opunha resistência, um simulacro de
cetro, e diante dEle se curvavam em zombaria blasfema. Os homens
que bateram e cuspiram no Príncipe da vida, agora se desviam de
Seu penetrante olhar, procurando fugir da subjugante glória de Sua
presença. Aqueles que introduziram os cravos através de Suas mãos