Página 565 - O Grande Conflito

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O livramento dos justos
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e pés, o soldado que Lhe feriu o lado, contemplam esses sinais com
terror e remorso.
Com terrível precisão sacerdotes e príncipes recordam-se dos
acontecimentos do Calvário. Estremecendo de horror, lembram-se de
como, movendo a cabeça em satânica alegria, exclamaram: “Salvou
os outros e a Si mesmo não pode salvar-Se. Se é o Rei de Israel,
desça agora da cruz, e creremos nEle; confiou em Deus; livre-O
agora, se O ama.”
Mateus 27:42, 43
.
Vividamente relembram a parábola dos lavradores que se recusa-
ram a entregar a seu senhor o fruto da vinha, maltrataram seus servos,
e lhe mataram o filho. Lembram-se também da sentença que eles
próprios pronunciaram: O senhor da vinha “dará afrontosa morte
aos maus.” No pecado e castigo daqueles homens infiéis, vêem os
sacerdotes e anciãos seu próprio procedimento e sua própria justa
condenação. E, agora, ergue-se um clamor de agonia mortal. Mais
alto do que o grito — “Crucifica-O, crucifica-O”, que repercutiu
pelas ruas de Jerusalém, reboa o pranto terrível, desesperado: “Ele é
o Filho de Deus! Ele é o verdadeiro Messias!” Procuram fugir da
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presença do Rei dos reis. Nas profundas cavernas da Terra, fendida
pela luta dos elementos, tentam em vão esconder-se.
Na vida de todos os que rejeitam a verdade, há momentos em que
a consciência desperta, em que a memória apresenta a recordação
torturante de uma vida de hipocrisia, e a alma é acossada de vãos
pesares. Mas que é isto ao ser comparado com o remorso daquele
dia em que o temor vem como assolação, em que a perdição vem
como tormenta!
Provérbios 1:27
. Os que desejariam destruir a Cristo
e Seu povo fiel, testemunham agora a glória que sobre eles repousa.
No meio de seu terror, ouvem a voz dos santos em alegres acordes,
exclamando: “Eis que este é o nosso Deus, a quem aguardávamos, e
Ele nos salvará.”
Isaías 25:9
.
Por entre as vacilações da Terra, o clarão do relâmpago e o
ribombo do trovão, a voz do Filho de Deus chama os santos que
dormem. Ele olha para a sepultura dos justos e, levantando as mãos
para o céu, brada: “Despertai, despertai, despertai, vós que dormis no
pó, e surgi!” Por todo o comprimento e largura da Terra, os mortos
ouvirão aquela voz, e os que ouvirem viverão. E a Terra inteira
ressoará com o passar do exército extraordinariamente grande de
toda nação, tribo, língua e povo. Do cárcere da morte vêm eles,