Página 61 - O Grande Conflito

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Um povo que difunde luz
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e terras, amigos, parentes e mesmo da própria vida. Semelhantes
princípios ardorosamente procuravam eles gravar no coração dos
jovens. Desde a mais tenra infância os jovens eram instruídos nas
Escrituras, e ensinava-se-lhes a considerar santos os requisitos da
lei de Deus. Sendo raros os exemplares das Escrituras Sagradas,
eram suas preciosas palavras confiadas à memória. Muitos eram
capazes de repetir longas porções tanto do Antigo como do Novo
Testamento. Os pensamentos de Deus associavam-se ao sublime
cenário da Natureza e às humildes bênçãos da vida diária. Crianci-
nhas aprendiam a olhar com gratidão a Deus como o Doador de toda
mercê e conforto.
Os pais, ternos e afetuosos como eram, tão sabiamente amavam
os filhos que não permitiam que se habituassem à condescendência
própria. Esboçava-se diante deles uma vida de provações e agruras,
talvez a morte de mártir. Eram ensinados desde a infância a suportar
rudezas, a sujeitar-se ao domínio, e contudo a pensar e agir por si
mesmos. Muito cedo eram ensinados a encarar responsabilidades,
a serem precavidos no falar e a compreenderem a sabedoria do
silêncio. Uma palavra indiscreta que deixassem cair no ouvido dos
inimigos, poderia pôr em perigo não somente a vida do que falava,
mas a de centenas de seus irmãos; pois, semelhantes a lobos à caça da
presa, os inimigos da verdade perseguiam os que ousavam reclamar
liberdade para a fé religiosa.
Os valdenses haviam sacrificado a prosperidade temporal por
amor à verdade, e com paciência perseverante labutavam para ganhar
o pão. Cada recanto de terra cultivável entre as montanhas era cui-
dadosamente aproveitado; fazia-se com que os vales e as encostas
menos férteis das colinas também produzissem. A economia e a
severa renúncia de si próprio formavam parte da educação que os
filhos recebiam como seu único legado. Ensinava-se-lhes que Deus
determinara fosse a vida uma disciplina e que suas necessidades
poderiam ser supridas apenas mediante o trabalho pessoal, previdên-
cia, cuidado e fé. O processo era laborioso e fatigante, mas salutar,
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precisamente o de que o homem necessita em seu estado decaído
— escola que Deus proveu para o seu ensino e desenvolvimento.
Enquanto os jovens se habituavam ao trabalho e asperezas, a cul-
tura do intelecto não era negligenciada. Ensinava-se-lhes que todas