Página 64 - O Grande Conflito

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O Grande Conflito
podiam fazer sem despertar suspeita, cautelosamente punham uma
porção ao alcance daqueles cujo coração parecia aberto para receber
a verdade. Desde os joelhos da mãe a juventude valdense havia sido
educada com este propósito em vista; compreendiam o trabalho, e
fielmente o executavam. Ganhavam-se conversos à verdadeira fé
nessas instituições de ensino, e freqüentemente se encontravam seus
princípios a penetrar a escola toda; contudo os chefes papais não
podiam pelo mais minucioso inquérito descobrir a fonte da chamada
heresia corruptora.
O espírito de Cristo é espírito missionário. O primeiro impulso
do coração regenerado é levar outros também ao Salvador. Tal foi
o espírito dos cristãos valdenses. Compreendiam que Deus exigia
mais deles do que simplesmente preservar a verdade em sua pureza,
nas suas próprias igrejas; e que sobre eles repousava a solene res-
ponsabilidade de deixarem sua luz resplandecer aos que se achavam
em trevas. Pelo forte poder da Palavra de Deus procuravam romper
o cativeiro que Roma havia imposto.
Os ministros valdenses eram educados como missionários, exi-
gindo-se primeiramente de cada um que tivesse a expectativa de
entrar para o ministério, aquisição de experiência como evange-
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lista. Cada um deveria servir três anos em algum campo missionário
antes de assumir o encargo de uma igreja em seu país. Este ser-
viço, exigindo logo de começo renúncia e sacrifício, era introdução
apropriada à vida pastoral naqueles tempos que punham à prova a
alma. Os jovens que recebiam a ordenação para o sagrado mister,
viam diante de si, não a perspectiva de riquezas e glória terrestre,
mas uma vida de trabalhos e perigo, e possivelmente o destino de
mártir. Os missionários iam de dois em dois, como Jesus enviara
Seus discípulos. Cada jovem tinha usualmente por companhia um
homem de idade e experiência, achando-se aquele sob a orientação
do companheiro, que ficava responsável por seu ensino, e a cuja
instrução se esperava que seguisse. Estes coobreiros não estavam
sempre juntos, mas muitas vezes se reuniam para orar e aconselhar-
se, fortalecendo-se assim mutuamente na fé.
Tornar conhecido o objetivo de sua missão seria assegurar a
derrota; ocultavam, portanto, cautelosamente seu verdadeiro caráter.
Cada ministro possuía conhecimento de algum ofício ou profissão
e os missionários prosseguiam na obra sob a aparência de vocação