Página 83 - O Grande Conflito

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Arautos de uma era melhor
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mas o Senhor determinou o contrário, e ensinou-me a obedecer antes
a Deus do que aos homens.”
Finalizando, disse: “Oremos a nosso Deus para que Ele de tal
maneira influencie nosso papa Urbano VI, conforme já começou
a fazer, que juntamente com o clero possa seguir ao Senhor Jesus
Cristo na vida e nos costumes, e com eficácia ensinar o povo, e
que eles de igual maneira, fielmente os sigam nisso.” — Atos e
Monumentos, de Foxe.
Assim Wycliffe apresentou ao papa e aos cardeais a mansidão e
humildade de Cristo, mostrando não somente a eles mesmos, mas
a toda a cristandade, o contraste entre eles e o Mestre, a quem
professavam representar.
Wycliffe esperava plenamente que sua vida seria o preço de
sua fidelidade. O rei, o papa e os bispos estavam unidos para levá-
lo a ruína, e parecia certo que, quando muito, em poucos meses o
levariam à fogueira. Mas sua coragem não se abalou. “Por que falais
em procurar longe a coroa do martírio?” dizia. “Pregai o evangelho
de Cristo aos altivos prelados e o martírio não vos faltará. Quê!
viveria eu e estaria silencioso? ... Nunca! Venha o golpe, eu o estou
aguardando.” — D’Aubigné.
Mas Deus, em Sua providência, ainda escudou a Seu servo. O
homem que durante toda a vida permanecera ousadamente na defesa
da verdade, diariamente em perigo de vida, não deveria cair vítima
do ódio de seus adversários. Wycliffe nunca procurara escudar-se a
si mesmo, mas o Senhor lhe fora o protetor; e agora, quando seus
inimigos julgavam segura a presa, a mão de Deus o removeu para
além de seu alcance. Em sua igreja, em Lutterworth, na ocasião em
que ia ministrar a comunhão, caiu atacado de paralisia, e em pouco
tempo rendeu a vida.
Deus designara a Wycliffe a sua obra. Pusera-lhe na boca a
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Palavra da verdade e dispusera uma guarda a seu redor para que esta
Palavra pudesse ir ao povo. A vida fora-lhe protegida e seus trabalhos
se prolongaram, até ser lançado o fundamento para a grande obra da
Reforma.
Wycliffe saíra das trevas da Idade Média. Ninguém havia que
tivesse vivido antes dele, por meio de cuja obra pudesse modelar
seu sistema de reforma. Suscitado como João Batista para cumprir
uma missão especial, foi ele o arauto de uma nova era. Contudo, no