Página 86 - O Grande Conflito

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O Grande Conflito
expulsos, animosamente aceitavam a sorte dos proscritos. Milhares,
é verdade, aterrorizados pela fúria dos perseguidores, compravam
a liberdade com sacrifício da fé, e saíam das prisões vestidos com
a roupa dos penitentes, a fim de publicar sua abjuração. Mas não
foi pequeno o número — e entre estes havia homens de nascimento
nobre bem como humildes e obscuros — dos que deram destemido
testemunho da verdade nos cubículos dos cárceres, nas “Torres dos
Lolardos”, e em meio de tortura e chamas, regozijando-se de que
tivessem sido considerados dignos de conhecer a “comunicação de
Suas aflições”.
Os romanistas não haviam conseguido executar sua vontade em
relação a Wycliffe durante a vida deste, e seu ódio não se satisfez
enquanto o corpo do reformador repousasse em sossego na sepultura.
Por decreto do concílio de Constança, mais de quarenta anos depois
de sua morte, seus ossos foram exumados e publicamente queimados,
e as cinzas lançadas em um riacho vizinho. “Esse riacho”, diz antigo
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escritor, “levou suas cinzas para o Avon, o Avon para o Severn, o
Severn para os pequenos mares, e estes para o grande oceano. E
assim as cinzas de Wycliffe são o emblema de sua doutrina, que
hoje está espalhada pelo mundo inteiro.” — História Eclesiástica da
Bretanha, de T. Fuller. Pouco imaginaram os inimigos a significação
de seu ato perverso.
Foi mediante os escritos de Wycliffe que João Huss, da Boêmia,
foi levado a renunciar a muitos erros do romanismo e entrar na
obra da Reforma. E assim é que nesses dois países tão grandemente
separados, foi lançada a semente da verdade. Da Boêmia a obra
estendeu-se para outras terras. O espírito dos homens foi dirigido
para a Palavra de Deus, havia tanto esquecida. A mão divina estava
a preparar o caminho para a Grande Reforma.
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