Página 94 - O Grande Conflito

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O Grande Conflito
fim de que eu possa resistir a eles; e que me outorgará Seu Espírito
Santo a fim de fortificar-me em Sua verdade, de maneira que eu
possa defrontar com coragem tentações, prisão e, sendo necessário,
uma morte cruel. Jesus Cristo sofreu por Seus bem-amados; devería-
mos, pois, estranhar que Ele nos haja deixado Seu exemplo, para que
nós mesmos possamos suportar com paciência todas as coisas para
a nossa própria salvação? Ele é Deus, e nós Suas criaturas; Ele é o
Senhor, e nós Seus servos; Ele é o Dominador do mundo e nós so-
mos desprezíveis mortais: no entanto Ele sofreu! Por que, pois, não
deveríamos nós também sofrer, particularmente quando o sofrimento
é para a nossa purificação? Portanto, amados, se minha morte deve
contribuir para a Sua glória, orai para que ela venha rapidamente, e
para que Ele possa habilitar-me a suportar com constância todas as
minhas calamidades. Mas se for melhor que eu volte para o meio de
vós, oremos a Deus para que o possa fazer sem mancha, isto é, para
que eu não suprima um til da verdade do evangelho, a fim de deixar
a meus irmãos um excelente exemplo a seguir. Provavelmente, pois,
nunca mais contemplareis meu rosto em Praga; mas, se a vontade
do Deus todo-poderoso dignar-se de restituir-me a vós, avancemos
então com coração mais firme no conhecimento e no amor de Sua
lei.” — Bonnechose.
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Em outra carta, a um padre que se tornara discípulo do evange-
lho, Huss falava com profunda humildade de seus próprios erros,
acusando-se “de ter sentido prazer em usar ricas decorações e haver
despendido horas em ocupações frívolas.” Acrescentou então estes
tocantes conselhos: “Que a glória de Deus e a salvação das almas
ocupem tua mente, e não a posse de benefícios e bens. Acautela-te
de adornar tua casa mais do que tua alma; e, acima de tudo, dá teu
cuidado ao edifício espiritual. Sê piedoso e humilde para com os
pobres; e não consumas teus haveres em festas. Se não corrigires tua
vida e te refreares das superfluidades, temo que sejas severamente
castigado, como eu próprio o sou. ... Conheces minha doutrina, pois
recebeste minhas instruções desde tua meninice; é-me, portanto,
desnecessário escrever-te mais a respeito. Mas conjuro-te, pela mi-
sericórdia de nosso Senhor, a não me imitares em nenhuma das
vaidades em que me viste cair.” No invólucro da carta acrescentou:
“Conjuro-te, meu amigo, a não abrires esta carta antes que tenhas a
certeza de que estou morto.” — Bonnechose.