A crucifixão de Cristo
            
            
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              de Deus sobre a cruz, as gotas de sangue que corriam de Sua fronte,
            
            
              Suas mãos e pés, as convulsões de agonia que sacudiam Seu corpo,
            
            
              e a indescritível angústia que enchia Sua alma ao dEle ocultar o Pai
            
            
              a face, falam ao homem, dizendo: Foi por amor de ti que o Filho de
            
            
              Deus consentiu em levar sobre Ele esses odiosos crimes; por ti Ele
            
            
              rompeu o domínio da morte, e abriu os portões do Paraíso e da vida
            
            
              imortal. Aquele que acalmou as encapeladas ondas pela Sua Palavra
            
            
              e andou sobre as espumejantes vagas, que fez demônios tremerem e
            
            
              a doença fugir a Seu toque, que chamou os mortos à vida e abriu os
            
            
              olhos dos cegos, ofereceu-Se a Si mesmo sobre a cruz como o último
            
            
              sacrifício pelo homem. Ele, o portador de pecados, suportou uma
            
            
              punição judicial pela iniqüidade e tornou-Se Ele mesmo pecado,
            
            
              pelo homem.
            
            
              Satanás, com suas cruéis tentações, torturava o coração de Jesus.
            
            
              O pecado, tão odioso a Sua vista, foi amontoado sobre Ele até que
            
            
              sucumbiu sob o seu peso. Não admira que Sua humanidade tenha
            
            
              vacilado nessa hora tremenda. Com espanto, os anjos presenciaram
            
            
              a desesperada agonia do Filho de Deus, tão maior do que a dor física,
            
            
              que esta mal era sentida por Ele. As hostes do Céu velaram o rosto,
            
            
              do terrível espetáculo.
            
            
              [226]
            
            
              A Natureza inanimada exprimiu sua simpatia para com seu in-
            
            
              sultado e moribundo Autor. O Sol recusou contemplar a espantosa
            
            
              cena. Seus raios plenos, brilhantes, iluminavam a Terra ao meio-
            
            
              dia, quando, de súbito, pareceu apagar-se. Completa escuridão, qual
            
            
              um sudário, envolveu a cruz e toda a cercania dela. As trevas se
            
            
              estenderam por três horas inteiras. À hora nona ergueu-se a terrível
            
            
              treva de sobre o povo, mas como um manto continuou a envolver
            
            
              o Salvador. Os furiosos relâmpagos pareciam dirigidos a Ele ali
            
            
              pendente da cruz. Então “Jesus clamou com grande voz, dizendo:
            
            
              Eloí, Eloí, lamá sabactâni? que quer dizer: Deus Meu, Deus Meu,
            
            
              por que Me desamparaste?”
            
            
              Marcos 15:34
            
            
              .
            
            
              Está consumado
            
            
              Em silêncio o povo aguardava o fim da terrível cena. Outra
            
            
              vez o Sol brilhara, mas a cruz continuava circundada de trevas. De
            
            
              repente, ergue-se de sobre a cruz a sombra, e em tons claros, como
            
            
              de trombeta, que pareciam ressoar por toda a criação, bradou Jesus: