Lealdade a Deus sob perseguição
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falou com grande ponderação e calma: “Israelitas, atentai bem no
que ides fazer a estes homens. Porque antes destes dias se levan-
tou Teudas, insinuando ser ele alguma coisa, ao qual se agregaram
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cerca de quatrocentos homens; mas ele foi morto, e todos quantos
lhe prestavam obediência se dispersaram e deram em nada. Depois
desse, levantou-se Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e
levou muitos consigo; também este pereceu, e todos quantos lhe
obedeciam foram dispersos. Agora vos digo: Dai de mão a estes
homens, deixai-os; porque se este conselho ou esta obra vem de
homens, perecerá; mas, se é de Deus, não podereis destruí-los, para
que não sejais, porventura, achados lutando contra Deus.”
Os sacerdotes não podiam senão ver plausibilidade nesta opi-
nião; foram obrigados a concordar com ele, e com muita relutância
soltaram os prisioneiros, depois de os castigar com varas e insistir
com eles vez após vez a não mais pregarem em nome de Jesus,
ou suas vidas seriam o preço de sua ousadia. “E eles se retiraram
do Sinédrio, regozijando-se por terem sido considerados dignos de
sofrer afrontas por esse Nome. E todos os dias, no templo e de casa
em casa, não cessavam de ensinar, e de pregar Jesus, o Cristo.”
Os perseguidores dos apóstolos devem ter ficado bem pertur-
bados quando viram sua falta de habilidade para derrotar estas tes-
temunhas de Cristo, que tiveram fé e coragem para transformar
sua vergonha em glória e seu padecimento em alegria por amor de
seu Mestre, que tinha suportado humilhação e agonia antes deles.
Dessa maneira estes bravos discípulos continuaram a ensinar em
público, e em particular nas casas, a convite de seus habitantes que
não ousavam confessar abertamente sua fé, por temor dos judeus.
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