Progressos da reforma
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bléia. Era evidente que ele não seria induzido, quer por promessas
ou ameaças, a render-se ao mando de Roma.
Cristo falara por intermédio do testemunho de Lutero, com um
poder e grandeza que na ocasião causou espanto e admiração tanto
a amigos como a adversários. O Espírito de Deus estivera presente
naquele concílio, impressionando o coração dos principais do im-
pério. Vários dos príncipes reconheceram ousadamente a justiça
da causa de Lutero. Muitos estavam convictos da verdade; mas em
outros as impressões recebidas não foram duradouras. Houve outra
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classe que no momento não exprimiu suas convicções, mas que,
tendo pesquisado as Escrituras por si mesmos, em ocasião posterior
declarou-se com grande coragem pela Reforma.
O eleitor Frederico aguardara ansiosamente o comparecimento
de Lutero perante a Dieta, e com profunda emoção ouviu seu dis-
curso. Com alegria e orgulho testemunhou a coragem, firmeza e
domínio próprio do doutor, e orgulhou-se de ser o seu protetor. Ele
contrastava as facções em contenda, e via que a sabedoria dos pa-
pas, reis e prelados, fora pelo poder da verdade reduzida a nada. O
papado sofrera uma derrota que seria sentida entre todas as nações e
em todos os tempos.
Houvesse o reformador cedido num único ponto, e Satanás e
suas hostes teriam ganho a vitória. Mas sua persistente firmeza foi
o meio para a emancipação da igreja e o início de uma era nova
e melhor. A influência desse único homem, que ousou pensar e
agir por si mesmo em assuntos religiosos, deveria afetar a igreja
e o mundo, não somente em seu próprio tempo, mas, em todas as
gerações futuras. Sua firmeza e fidelidade fortaleceriam, até ao final
do tempo, a todos os que passassem por experiência semelhante. O
poder e majestade de Deus se mantiveram acima do conselho dos
homens, acima da potente força de Satanás.
Vi que Lutero era ardente e zeloso, destemido e ousado, para
reprovar o pecado e advogar a verdade. Não se preocupava com
homens ímpios ou demônios; sabia que consigo tinha Alguém que
era mais forte do que eles todos. Lutero possuía zelo, coragem e
ousadia, e por vezes esteve em perigo de ir aos extremos. Mas Deus
suscitou a Melancton, que era exatamente o contrário no caráter, a
fim de auxiliar Lutero no levar avante a obra da Reforma. Melanc-
ton era tímido, medroso, cauteloso e possuía grande paciência. Era
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