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              História da Redenção
            
            
              A maldição sobre a terra a princípio tinha sido sentida apenas
            
            
              levemente; mas agora uma dupla maldição repousava sobre ela.
            
            
              Caim e Abel representam as duas classes, os justos e os ímpios, os
            
            
              crentes e os incrédulos, que deviam existir desde a queda do homem
            
            
              até o segundo advento de Cristo. O assassínio de Abel por seu irmão
            
            
              Caim, representa os ímpios que teriam inveja dos justos, odiando-
            
            
              os porque são melhores do que eles. Teriam inveja e perseguiriam
            
            
              os justos e os arrastariam à morte, porque seu reto proceder lhes
            
            
              condenava a conduta pecaminosa.
            
            
              [55]
            
            
              A vida de Adão foi de um triste, humilde e contínuo arrependi-
            
            
              mento. Quando ensinava seus filhos e netos a temerem o Senhor,
            
            
              era com freqüência amargamente reprovado por seu pecado, de que
            
            
              resultara tanta miséria sobre sua posteridade. Quando deixou o belo
            
            
              Éden, o pensamento de que ele deveria morrer fazia-o estremecer
            
            
              de horror. Olhava para a morte como uma terrível calamidade. Foi
            
            
              primeiro familiarizado com a horrível realidade da morte na famí-
            
            
              lia humana, pelo seu próprio filho Caim ao matar seu irmão Abel.
            
            
              Cheio de amargo remorso por sua própria transgressão e privado de
            
            
              seu filho Abel, olhando a Caim como um assassino, e conhecendo
            
            
              a maldição que Deus pronunciara sobre ele, o coração de Adão
            
            
              quebrantou-se de dor. Muito amargamente ele se reprovou por sua
            
            
              primeira grande transgressão. Suplicou o perdão de Deus mediante
            
            
              o Sacrifício prometido. Profundamente havia ele sentido a ira de
            
            
              Deus pelo crime cometido no Paraíso. Testemunhou a corrupção
            
            
              geral que mais tarde finalmente forçou Deus a destruir os habitantes
            
            
              da Terra por um dilúvio. A sentença de morte pronunciada sobre ele
            
            
              por seu Criador, que a princípio lhe pareceu tão terrível, depois que
            
            
              ele viveu algumas centenas de anos, parecia justa e misericordiosa
            
            
              em Deus, pois trazia o fim a uma vida miserável.
            
            
              Ao testemunhar Adão os primeiros sinais da decadência da Na-
            
            
              tureza com o cair das folhas e o murchar das flores, chorou mais
            
            
              sentidamente do que os homens hoje choram os seus mortos. As
            
            
              flores murchas não eram a razão maior do desgosto, visto serem
            
            
              tenras e delicadas; mas as altaneiras, nobres e robustas árvores ar-
            
            
              remessando suas folhas e apodrecendo, apresentavam diante dele a
            
            
              dissolução geral da linda Natureza, que Deus criara para especial
            
            
              benefício do homem.
            
            
              Para seus filhos e os filhos deles, até a nona geração, ele descrevia
            
            
              [56]