O dilúvio
            
            
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              Sete dias esteve a família de Noé na arca antes que a chuva
            
            
              começasse a descer sobre a Terra.
            
            
              [66]
            
            
              Foi nesse tempo que eles fizeram as adaptações para a sua longa
            
            
              permanência, enquanto as águas estivessem sobre a Terra. E estes fo-
            
            
              ram dias de divertimento blasfemo da multidão incrédula. Pensavam,
            
            
              porque a profecia de Noé não se cumprira imediatamente depois de
            
            
              sua entrada na arca, que ele estava enganado e que era impossível
            
            
              que o mundo pudesse ser destruído por um dilúvio. Antes disto não
            
            
              tinha havido chuva sobre a Terra. Um vapor erguia-se das águas, que
            
            
              Deus fazia voltar à noite como orvalho, para reviver a vegetação e
            
            
              levá-la a florescer.
            
            
              Não obstante a solene exibição do poder de Deus que tinham
            
            
              testemunhado — a inusitada ocorrência dos animais deixando as
            
            
              florestas e campos e entrando na arca, o anjo de Deus vestido de luz
            
            
              deslumbrante e em terrível majestade descendo do Céu e cerrando a
            
            
              porta — ainda endureceram o coração e continuaram a divertir-se e
            
            
              zombar das notáveis manifestações do poder divino.
            
            
              A tempestade irrompe
            
            
              Mas, ao oitavo dia o céu escureceu. O ribombo do trovão e o
            
            
              vívido resplendor dos relâmpagos começaram a terrificar os homens
            
            
              e animais. A chuva caía das nuvens sobre eles. Isto era algo que
            
            
              nunca tinham visto, e seu coração desmaiava de temor. Os animais
            
            
              vagueavam de um lado para outro no mais desenfreado terror, e seus
            
            
              gritos discordantes pareciam lamentar seu próprio destino e a sorte
            
            
              dos homens. A violência da tempestade aumentou até que a água
            
            
              parecia cair do céu como poderosas cataratas. As margens dos rios
            
            
              se rompiam, e as águas inundavam os vales. Os fundamentos do
            
            
              grande abismo também se partiram. Jatos de água irrompiam da
            
            
              terra com força indescritível, arremessando pedras maciças a muitos
            
            
              [67]
            
            
              metros para o ar, que ao caírem, sepultavam-se profundamente no
            
            
              solo.
            
            
              O povo viu a princípio a destruição das obras de suas mãos. Seus
            
            
              esplêndidos edifícios, e os belos jardins e bosques em que haviam
            
            
              colocado seus ídolos, eram destruídos pelos raios do céu, e as ruínas
            
            
              se espalhavam por toda parte. Tinham erigido altares nos bosques,
            
            
              consagrados aos seus ídolos, sobre os quais ofereciam sacrifícios