Página 102 - O Maior Discurso de Cristo (2008)

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O Maior Discurso de Cristo
os decretos. Nisto reside o segredo de todas as leis religiosas já
decretadas, e o segredo de toda perseguição, desde os dias de Abel
até aos nossos dias.
Cristo não tange, mas atrai os homens a Si. Não compele, senão
que constrange por amor. Quando a igreja começa a buscar o apoio
do poder secular, é evidente achar-se ela destituída do poder de
Cristo — o constrangimento do divino amor.
A dificuldade, porém, jaz com os membros da igreja, individual-
mente, e é aí que se deve operar a cura. Jesus manda que o acusador
tire primeiro a trave de seu olho, renuncie a seu espírito de crítica,
confesse e abandone o próprio pecado, antes de procurar corrigir a
outros. Porque “não há boa árvore que dê mau fruto, nem má árvore
que dê bom fruto”.
Lucas 6:43
. Esse espírito de acusação com que
condescendeis é um fruto mau, e mostra que é má a árvore. Inútil
vos é edificar-vos sobre a justiça própria. O que necessitais é mu-
dança de coração. Precisais dessa experiência antes de vos achardes
habilitados a corrigir os outros pois “do que há em abundância no
coração, disso fala a boca”.
Mateus 12:34
.
Ao sobrevir uma crise na vida de qualquer alma, e tentardes
dar conselho ou advertência, vossas palavras só exercerão, no bom
sentido, o peso e a influência que vos houverem adquirido vosso
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exemplo e espírito. Precisais ser bons para que possais fazer o bem.
Não vos será possível influenciar os outros a se transformarem en-
quanto vosso coração não se houver tornado humilde, refinado e
brando por meio da graça de Cristo. Quando esta mudança se houver
operado em vós, ser-vos-á tão natural viver para beneficiar a outros,
como o é para a roseira dar suas perfumosas flores, ou a videira
produzir purpurinos cachos.
Se Cristo está em vós, “a esperança da glória”, não estareis
dispostos a observar os outros, a expor-lhes os erros. Em lugar de
procurar acusar e condenar, tereis como objetivo ajudar, beneficiar,
salvar. Ao lidar com os que se encontram em erro, atendereis à reco-
mendação: Olha “por ti mesmo, para que não sejas também tentado”.
Gálatas 6:1
. Procurareis lembrar as muitas vezes que tendes errado,
e quão difícil vos foi achar o caminho certo uma vez que dele vos
havíeis apartado. Não impelireis vosso irmão para mais densas trevas
mas, coração cheio de piedade, falar-lhe-eis do perigo em que está.