Página 112 - O Maior Discurso de Cristo (2008)

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O Maior Discurso de Cristo
“Porfiai por entrar pela porta estreita.” Lucas 13:24.
O retardado caminhante, apressando-se para chegar à porta da
cidade ao pôr-do-sol, não se podia desviar por qualquer atração no
caminho. Todo o seu pensamento se concentrava no único desígnio
— entrar pela porta. A mesma intensidade de propósito, disse Jesus,
exige-se na vida cristã. Tenho desvendado perante vós a glória do
caráter, que é a verdadeira glória do Meu reino. Ela não vos oferece
nenhuma perspectiva de domínio terrestre; é, todavia, merecedora
de vosso supremo desejo e esforço. Não vos chamo a combater pela
supremacia do grande império do mundo, mas não deveis concluir
daí que não haja batalha a ser travada, nem vitória a ganhar. Peço-
vos que vos esforceis, que vos angustieis por entrar em Meu reino
espiritual.
A vida cristã é uma batalha e uma marcha. Mas a vitória a ser
ganha não é obtida por força humana. O campo de luta é o domínio
do coração. A batalha que temos a ferir — a maior de quantas já
foram travadas pelo homem— é a entrega do próprio eu à vontade de
Deus, a sujeição do coração à soberania do amor. A velha natureza,
nascida do sangue e da vontade da carne, não pode herdar o reino
de Deus. As tendências hereditárias, os hábitos antigos, devem ser
renunciados.
Aquele que determina entrar no reino espiritual, verificará que
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todas as forças e paixões de uma natureza não regenerada, fortaleci-
das pelos poderes das trevas, acham-se arregimentadas contra ele.
O egoísmo e o orgulho tomarão posição contra tudo que os aponte
como pecado. Não podemos, de nós mesmos, vencer os maus desejos
e hábitos que lutam pela predominância. Não nos é possível dominar
o poderoso inimigo que nos mantém em escravidão. Unicamente
Deus nos pode dar a vitória. Ele deseja que tenhamos o domínio de
nós mesmos, de nossa vontade e de nossos caminhos. Ele não pode,
todavia, operar em nós contra o nosso consentimento e cooperação.
O Espírito divino opera mediante as faculdades e poderes conferidos
ao homem. Nossas energias são requeridas para cooperar com Deus.
A vitória não é ganha sem muita e fervorosa oração, sem a hu-
milhação do próprio eu a cada passo. Nossa vontade não deve ser
forçada a cooperar com os agentes celestes, mas voluntariamente
sujeitada. Se fosse possível forçar sobre vós, com centuplicada in-