Página 307 - Mensagens Escolhidas 2 (2008)

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Experiências pessoais
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quando chegavam visitas. Mas geralmente, antes que ele percebesse
que havia chegado alguém, eu levava a visita à presença dele e dizia:
“Marido, aqui está um irmão que veio para fazer uma pergunta, e
como você lhe sabe responder melhor do que eu, eu o trouxe aqui.”
Naturalmente ele então não podia esquivar-se. Tinha que ficar no
aposento e responder à pergunta. Desta maneira, e de muitas outras,
eu o levei a exercitar a mente. Se ele não tivesse sido levado a usar a
mente, dentro em pouco teria fracassado por completo.
Todos os dias meu marido saía a dar um passeio a pé. No inverno
veio uma terrível tempestade de neve, e Papai pensou que não po-
deria sair em meio à nevasca. Fui ter com o irmão Root e lhe disse:
“Irmão Root, o senhor tem um par de botas disponíveis?”
“Sim”, respondeu ele.
“Eu gostaria de tomá-las emprestadas esta manhã”, volvi. Cal-
çando as botas e pondo-me a caminho, percorri meio quilômetro em
profunda neve. Ao voltar, pedi a meu marido que desse um passeio.
Respondeu que não poderia sair, em semelhante tempo. “Oh! sim,
você pode!” respondi. “Por certo você pode seguir meus rastos.” Era
ele um homem que tinha grande respeito às mulheres; e quando viu
minhas pegadas, concluiu que, se uma mulher podia andar na neve,
ele também poderia. Nessa manhã ele deu seu passeio costumeiro.
Na primavera havia fruteiras a plantar e horta a fazer. “Gui-
lherme”, disse eu, “por favor vá comprar três enxadas e três ancinhos.
Cuide em comprar três de cada.” Quando mos trouxe, eu lhe disse
que tomasse uma das enxadas, e Papai outra. Papai fez objeção, mas
tomou uma delas. Pegando numa eu mesma, começamos o traba-
lho; e embora eu fizesse bolhas nas mãos, tomei-lhes a dianteira na
capina. Papai não podia fazer muito, mas moveu-se. Foi por seme-
lhantes métodos que procurei cooperar com Deus em restaurar a
saúde a meu marido. E, oh! como o Senhor nos abençoou!
Eu sempre levava comigo meu marido quando eu saía com a
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carroça. E levava-o comigo quando eu saía a pregar em qualquer
lugar. Eu tinha um circuito costumeiro de reuniões. Não o conseguia
persuadir a ir ao púlpito quando eu pregava. Afinal, depois de muitos,
muitos meses, disse-lhe eu: “Agora, meu marido, hoje você vai ao
púlpito.” Não queria ir, mas não cedi. Levei-o à plataforma comigo.
Nesse dia ele falou ao povo. Embora a sala de reuniões estivesse
apinhada de descrentes, por meia honra não pude refrear as lágrimas.