Página 447 - Mensagens Escolhidas 2 (2008)

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Capítulo 3
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e ansioso, mas não receitou coisa nenhuma. Ergueu-se e dispôs-se a
sair, dizendo que voltaria no dia seguinte.
Outra cena foi-me então apresentada. Fui levada à presença de
uma senhora, com cerca de trinta anos de idade, aparentemente.
Junto dela estava um médico, que dizia que seu sistema nervoso
estava em perigo, seu sangue impuro, fluindo lentamente, e que o
estômago estava frio, inativo. Disse que lhe daria remédios ativos,
que logo melhorariam seu estado. Deu-lhe um pó, de um vidro no
qual estava o rótulo: Nux vomica. Observei para ver que efeito teria
aquilo sobre a paciente. Pareceu ter ação favorável. Seu estado apa-
rentemente melhorou. Ficou animada, parecendo mesmo contente e
ativa.
Minha atenção foi então chamada para outro caso ainda. Fui
levada para o quarto de um jovem doente, que estava com febre
alta. Ao seu lado estava um médico, com uma porção de remédios
tirados de um vidro em que se lia: Calomelanos. Administrou esse
tóxico químico, e pareceu manifestar-se uma mudança, mas não para
melhor.
Foi-me então mostrado outro caso. Foi de uma senhora que
parecia estar sofrendo grandes dores. Um médico estava ao lado
de seu leito, dando-lhe remédio, tirado de um vidro com o rótulo:
Ópio. A princípio essa droga pareceu afetar-lhe a mente. Ela falou
de modo a causar estranheza, mas afinal aquietou-se e adormeceu.
Minha atenção foi então chamada para o primeiro caso, o do pai
que perdera a esposa e dois filhos. O médico estava no quarto, junto
ao leito da filha doente. De novo saiu do quarto sem administrar
remédio algum. O pai, a sós com o médico, parecia muito comovido,
e perguntou impaciente: “O senhor não pretende fazer coisa alguma?
Deixará que morra minha filha única?” O médico respondeu:
“Ouvi a triste narrativa da morte de sua muito amada esposa e
seus dois filhos, e de seus próprios lábios soube que todos os três
morreram quando sob os cuidados de médicos, tomando remédios
receitados e administrados por suas mãos. Os medicamentos não
salvaram os seus queridos, e como médico creio solenemente que
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nenhum deles precisava ou devia ter morrido. Poderiam ter-se res-
tabelecido se não se tivessem tratado com drogas de tal modo que
a natureza se enfraqueceu pelo abuso, e afinal baqueou.” Declarou
positivamente ao agitado pai: “Eu não posso dar remédio a sua filha.