Página 446 - Mensagens Escolhidas 2 (2008)

Basic HTML Version

442
Mensagens Escolhidas 2
minha sofredora esposa. Este segundo lhe ministrou generosa dose
de ópio que, disse ele, lhe aliviaria as dores, acalmaria os nervos e
daria o tão necessitado repouso. O ópio narcotizou-a. Adormeceu, e
coisa alguma a despertava de seu estupor mortal. O pulso e o coração
por vezes palpitavam violentamente, e a seguir enfraqueciam mais e
mais, até que ela deixou de respirar. Assim morreu, sem dar aos seus
nenhum sinal de os reconhecer. Esta segunda morte pareceu-nos
insuportável. Todos ficamos profundamente contristados, mas eu
fiquei angustiado, não podendo conformar-me.
“A seguir adoeceu minha filha. A tristeza, a ansiedade e o vigiar
haviam-lhe minado o poder de resistência, suas forças cederam, e
ela se recolheu ao leito de sofrimento. Eu perdera agora a confiança
em ambos os médicos que contratara. Outro me foi recomendado
como tendo êxito no tratamento de doentes. E embora ele morasse
longe, resolvi contratar os seus serviços.
“Este terceiro médico afirmou entender o caso de minha filha.
Disse que ela estava muito debilitada e que seu sistema nervoso
corria perigo, e que tinha febre, a qual podia ser controlada, mas
que levaria tempo o recuperá-la do estado de debilidade em que se
achava. Mostrou perfeita confiança em sua habilidade de levantá-la.
Ministrou-lhe forte medicamento para cortar a febre. Conseguiu-
o. Mas vencida a febre, o caso assumiu aspectos mais alarmantes,
tornando-se mais complicado. Mudando-se os sintomas, foi também
modificada a medicação, para adaptar-se ao caso. Enquanto estava
sob a influência de novos remédios ela se apresentou, por algum
tempo, melhorada, o que reavivava nossas esperanças de que haveria
de sarar — tão-somente para tornar mais amarga nossa decepção ao
piorar ela.
“O último recurso do médico foram os calomelanos. Por al-
gum tempo ela pareceu entre a vida e a morte. Sobrevieram-lhe
convulsões. Ao cessarem esses penosíssimos espasmos, demos pelo
doloroso fato de estar ela com a mente debilitada. Começou a melho-
rar lentamente, embora ainda sofrendo muito. Os membros ficaram
paralisados por causa dos violentos tóxicos que tomara. Viveu al-
guns anos, sofredora desajudada e digna de dó, e então morreu em
grande agonia.”
[445]
Depois deste triste relato o pai fitou, súplice, o médico, rogando-
lhe que salvasse a única filha que lhe restava. O médico ficou triste