Página 449 - Mensagens Escolhidas 2 (2008)

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Capítulo 3
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Justamente na proporção que ela excita e aviva, serão os resultados
debilitantes e entorpecentes que se seguirão.”
O terceiro caso foi-me apresentado de novo. Foi o do jovem a
quem foram ministrados calomelanos. Sofria muito. Tinha os lábios
escuros e inchados. As gengivas estavam inflamadas. A língua,
grossa e inchada, e a saliva lhe saía pela boca abundantemente. O
cavalheiro inteligente já mencionado contemplou com tristeza o
sofredor e disse:
“Este é o efeito dos preparados mercuriais. A este jovem restava
energia nervosa bastante para começar a luta contra esse intruso,
esta droga tóxica, para tentar expeli-lo do organismo. Muitos não
possuem suficientes forças vitais para despertar e agir, e a natureza
é dominada e cessa seus esforços, e a vítima morre.”
Foi-me apresentado novamente o quarto caso, o da pessoa à qual
fora receitado ópio. Ela despertara do sono, em grande prostração.
A mente estava confusa. Estava impaciente e irritadiça, criticando
seus melhores amigos e imaginando que não procuravam aliviar-lhe
os sofrimentos. Tornou-se frenética, e delirava como um maníaco.
O cavalheiro já mencionado considerou com tristeza a sofredora, e
disse aos presentes:
“Este é o segundo efeito do ópio.” Chamaram o seu médico.
Ele lhe receitou dose aumentada de ópio que lhe acalmou o delírio,
mas a tornou muito tagarela e alegre. Ficou em paz com todos os
que a cercavam, e expressava muito afeto para com os conhecidos,
assim como os parentes. Logo ficou sonolenta e como apatetada. O
mencionado cavalheiro disse solenemente:
“Seu estado de saúde não está melhor agora, do que quando
estava em frenético delírio. Ela está positivamente pior. Esta droga
tóxica, ópio, proporciona alívio momentâneo da dor, mas não remove
sua causa. Apenas embota o cérebro, tornando-o incapaz de receber
impressão dos nervos. Quando o cérebro está assim insensível, são
afetados o ouvido, o paladar e a vista. Passado o efeito do ópio,
e despertado o cérebro de seu estado de paralisia, os nervos, que
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haviam sido cortados da comunicação com o cérebro, gritam mais
alto que nunca pelas dores do organismo, por causa do acréscimo de
ofensa que o organismo sofreu ao receber esse veneno. Cada acrés-
cimo de droga dado ao paciente, quer seja ópio, quer algum outro
tóxico, fará o caso mais complicado, tornando mais sem esperança