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a restauração do doente. As drogas dadas para entorpecer, sejam
quais forem, põem em perigo o sistema nervoso. Um mal, simples a
princípio, que a natureza se dispunha a vencer — o que ela teria feito
se deixada a si mesma — tornou-se dez vezes pior pelos tóxicos das
drogas que foram introduzidas no organismo, o que por si só é uma
doença destrutiva, forçando à ação extraordinária as restantes forças
vitais, a fim de lutarem contra as drogas intrusas e as vencerem.”
Fui outra vez levada ao quarto do primeiro caso, o do pai e
sua filha. Esta estava assentada ao lado do pai, contente e feliz,
tendo no rosto o brilho da saúde. O pai a contemplava com feliz
satisfação, manifestando no semblante a gratidão íntima, por lhe
haver sido poupada essa filha única. Entrou o seu médico, e depois
de conversar por breves instantes com o pai e a filha, ergueu-se para
sair. Dirigiu-se ao pai com as palavras seguintes:
“Apresento-lhe sua filha, com a saúde restaurada. Não lhe mi-
nistrei remédios, a fim de que a pudesse deixar com a constituição
íntegra. Os medicamentos nunca isso poderiam ter conseguido. Eles
põem em perigo a fina maquinaria da natureza e danificam a consti-
tuição, e matam, mas jamais curam. A natureza, unicamente, possui
poderes restauradores. Ela, tão-só, pode repor suas energias exauri-
das, e reparar os danos que recebeu pela falta de atenção a suas leis
fixas.”
Perguntou ele então ao pai se estava satisfeito com sua maneira
de tratar. O feliz pai expressou sua sincera gratidão e satisfação
perfeita, dizendo: “Aprendi uma lição de que jamais me esquecerei.
Foi penosa, mas de valor inapreciável. Estou agora convencido de
que minha esposa e filhos não precisavam ter morrido. Sua vida foi
sacrificada nas mãos dos médicos, por suas drogas tóxicas.”
Mostrou-se-me então o segundo caso, a paciente à qual fora
receitada
nux vomica.
Estava sendo amparada por duas pessoas, que
a levavam da cadeira para a cama. Tinha quase perdido o uso dos
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membros. Os nervos da espinha estavam parcialmente paralisados, e
as pernas já não suportavam o peso do corpo. Tossia aflitivamente,
e respirava com dificuldade. Foi posta na cama, e logo perdeu a
audição, e a visão, e assim ficou algum tempo, e morreu. O cavalheiro
já mencionado contemplou entristecido aquele corpo sem vida, e
disse aos presentes: