Página 451 - Mensagens Escolhidas 2 (2008)

Basic HTML Version

Capítulo 3
447
“Testemunhem o mais brando e mais prolongado efeito da
nux
vomica
sobre o organismo humano. Ao ser ingerida, a energia ner-
vosa foi excitada a uma ação extraordinária, para combater esse
veneno da droga. Essa excitação suplementar foi seguida de prostra-
ção, e o resultado final foi a paralisia dos nervos. Essa droga não tem
sobre todos o mesmo efeito. Alguns, possuidores de constituição
robusta, recuperam-se dos abusos aos quais submetem o organismo.
Ao passo que outros, cuja força vital não seja tão grande, possuindo
constituição débil, jamais se recuperaram por haver introduzido no
organismo uma única dose, e muitos morrem de nenhuma outra
causa senão os efeitos de uma só porção desse tóxico. Seus efeitos
sempre tendem para a morte. O estado em que se encontra o or-
ganismo, na ocasião em que esses venenos são nele introduzidos,
determina a vida do paciente. A
nux vomica
pode aleijar, causar
paralisia, destruir para sempre a saúde, mas jamais cura.”
O terceiro caso foi-me de novo apresentado, o do jovem a quem
foram receitados calomelanos. Sofria de causar dó. Tinha as pernas
aleijadas e estava muito deformado. Dizia que seus sofrimentos
eram indescritíveis, e a vida lhe era grande peso. O cavalheiro que
mencionei repetidamente, contemplou com tristeza e compaixão o
sofredor, e disse:
“Este é o efeito dos calomelanos. Atormenta o organismo en-
quanto nele houver uma partícula deles. Eles vivem sempre, sem
perder suas propriedades apesar de sua longa permanência no or-
ganismo vivo. Inflamam as juntas e muitas vezes levam a cárie aos
ossos. Freqüentemente se manifestam tumores, úlceras e cânceres,
anos depois de terem sido introduzidos no organismo.”
O quarto caso foi-me outra vez apresentado: a paciente a quem
fora ministrado o ópio. Tinha o semblante pálido, e os olhos inqui-
etos e vidrados. As mãos tremiam como as de um paralítico, e ela
parecia muito excitada, imaginando que todos os presentes estavam
[450]
combinados contra ela. Sua mente era um destroço completo, e ela
delirava de fazer dó. Foi chamado o médico, que pareceu impassível
ante essas manifestações terríveis. Ministrou à paciente uma dose
mais forte de ópio, que, disse ele, a poria boa. Seus delírios só cessa-
ram quando ficou inteiramente intoxicada. Caiu então num estupor
mortal. O cavalheiro mencionado, contemplando a paciente, disse
com tristeza: