Capítulo 3
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qual se empenhava, e resoluta se põe à obra de expelir o intruso há
pouco introduzido no organismo. A natureza se ressente com esse
duplo saque contra os seus recursos, e torna-se debilitada.
Drogas jamais curam doenças. Elas apenas mudam sua forma e
localização. A natureza, unicamente, é o restaurador eficaz, e quanto
melhor executaria ela sua obra se fosse deixada a si mesma! Mas
este privilégio raramente lhe é concedido. Se a natureza, mutilada,
resiste ao peso da carga, e afinal realiza em grande medida sua tarefa
dobrada, e o paciente vive, o crédito disso é dado ao médico. Mas
se a natureza fracassa em seu esforço por expelir do organismo o
veneno, e o doente morre, a isto se chama a maravilhosa dispensação
da Providência. Se o paciente tivesse procedido de maneira a aliviar
em tempo a natureza sobrecarregada, usando judiciosamente água
pura e branda, esta dispensação de mortalidade pelas drogas poder-
se-ia ter evitado completamente. O uso da água pouco alcança, se
o paciente não reconhecer a necessidade de atender estritamente
também ao regime alimentar.
Muitos vivem em violação das leis da saúde, e ignoram a relação
que seus hábitos de comer, beber e trabalhar mantêm para com a
saúde. Não despertam ao reconhecimento de seu verdadeiro estado,
até que a natureza proteste contra os abusos que sofre, por meio
de dores e moléstias no organismo. Se, mesmo então, os sofredo-
res tão-somente começassem direito o trabalho e recorressem aos
meios simples que têm negligenciado — o uso da água e o regime
alimentar adequado — a natureza receberia justamente o auxílio que
ela requer, e que deveria ter recebido há muito. Se for seguido esse
procedimento, em geral o doente se recuperará sem ficar debilitado.
Quando são introduzidas drogas no organismo, por algum tempo
pode parecer que tenham efeito benéfico. Pode dar-se uma mudança,
mas a doença não foi curada. Ela se manifestará de alguma outra
forma. Nos esforços da natureza por expelir do organismo a droga, às
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vezes vem ao paciente sofrimento intenso. E a doença, para curar a
qual foi ministrada a droga, pode desaparecer, mas tão-somente para
reaparecer sob nova forma, como doenças da pele, úlceras, juntas
doloridas, e às vezes formas mais perigosas e mortíferas. O fígado,
o coração, o cérebro, são freqüentemente afetados pelas drogas, e
muitas vezes todos estes órgãos são tomados de doenças, e as víti-
mas, se sobreviverem, ficam inválidas pelo resto da vida, arrastando,