Página 455 - Mensagens Escolhidas 2 (2008)

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Capítulo 3
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impacientemente mudam de médico. A mudança muitas vezes au-
menta o mal. Submetem-se a outra medicação, tão perigosa como a
primeira, e mais fatal, porque os dois tratamentos discordam entre
si, e o organismo fica intoxicado de modo que não há mais remédio.
Muitos, porém, nunca experimentaram os benéficos efeitos da
água, e têm medo de usar uma das maiores bênçãos do Céu. A água
tem sido recusada a pessoas que ardiam em febre, de medo que lhes
fizesse mal. Se, em seu estado febril, lhes tivesse sido dada a beber
água abundante, fazendo-se também aplicações externamente, ter-
se-iam poupado longos dias e noites de sofrimento, e muitas vidas
preciosas se teriam salvo. Mas milhares têm morrido, consumidos
por febres violentas, que arderam até acabar-se o combustível que
as alimentava e se desgastarem os órgãos vitais, sucumbindo na
maior agonia, sem lhes permitirem tomar água para aliviar sua sede
ardente. A água, que se usa para extinguir os violentos incêndios
num edifício inanimado, não é permitida a seres humanos, para
extinguir o fogo que lhes consome as entranhas.
Multidões permanecem em inescusável ignorância com respeito
às leis de seu ser. Admiram-se de que nosso gênero seja tão débil
e tantos morram tão prematuramente. Não haverá uma causa? Mé-
dicos que professam conhecer o organismo humano, prescrevem
para seus pacientes, e mesmo para seus próprios queridos filhos e
esposas, venenos lentos para cortar a doença, ou curar alguma leve
indisposição. Certo, não reconhecem eles o mal dessas coisas, pois
do contrário não procederiam assim. Os efeitos do veneno podem
não ser percebidos imediatamente, mas ele realiza certamente sua
obra no organismo, minando a constituição, e mutilando a natureza
em seus esforços. Procuram corrigir um mal, mas produzem mal
muito maior, muitas vezes incurável. Os que são tratados assim es-
tão constantemente enfermos e sempre se medicando. E todavia, se
atentardes para sua conversa, muitas vezes os ouvireis louvando as
drogas que estiverem usando e recomendando a outros o seu uso,
porque delas tiraram benefício. Dir-se-ia que, para os capazes de
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raciocinar da causa para o efeito, o semblante pálido, o contínuo
queixume de doenças, e a geral prostração dos que alegam ter rece-
bido benefício, seriam prova suficiente dos efeitos destruidores da
saúde, das drogas. E no entanto muitos se acham tão cegados que
não vêem que todas as drogas que tomaram não os curaram, mas