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Obreiros Evangélicos
foi-lhe permitido contemplar o interior, o santo dos santos, onde nem
mesmo os pés do profeta poderiam entrar. Então surgiu perante ele
a visão de Jeová sentado sobre um trono alto e sublime, e o séquito
de Sua glória enchia o templo. Em redor do trono havia serafins,
como guardas em torno do grande Rei, e refletiam a glória que os
circundava. Ao ressoarem seus cânticos de louvor, em acentos de
profunda adoração, os umbrais da porta tremiam, como se abalados
por um terremoto. Com lábios nunca poluídos pelo pecado, esses
anjos derramavam os louvores de Deus. “Santo, Santo, Santo é o
Senhor dos Exércitos”, exclamavam eles; “toda a Terra está cheia da
Sua glória.”
Isaías 6:1-8
.
Os serafins ao redor do trono acham-se tão cheios de solene
reverência ao contemplar a glória de Deus, que nem por um instante
se olham a si mesmos com admiração. Seu louvor é para o Senhor
dos Exércitos. Ao contemplarem o futuro, quando toda a Terra
será cheia de Sua glória, o triunfante cântico ecoa de um a outro
em melodioso acento: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos
Exércitos.” Acham-se plenamente satisfeitos de glorificar a Deus;
permanecendo em Sua presença, sob Seu sorriso de aprovação, nada
mais desejam. Em trazer Sua imagem, obedecer às Suas ordens,
adorá-Lo, eis realizada sua mais elevada ambição.
Ao escutar o profeta, a glória, o poder e a majestade do Senhor
foram revelados aos seus olhos; e à luz dessa revelação seu próprio
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aviltamento interior apareceu com assustadora clareza. Suas próprias
palavras lhe pareciam vis. Em profunda humilhação, clamou: “Ai
de mim, que vou perecendo! por que eu sou um homem de lábios
impuros, ... e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos.”
A humilhação de Isaías era genuína. Quando o contraste entre a
humanidade e o caráter divino se lhe tornou patente, ele se sentiu
inteiramente ineficiente e indigno. Como poderia ele transmitir ao
povo os santos reclamos de Jeová?
“Mas um dos serafins voou para mim”, escreve ele, “trazendo na
sua mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; e com
ela tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e
a tua iniqüidade foi tirada, e purificado o teu pecado.”
Então Isaías ouviu a voz do Senhor, dizendo: “A quem enviarei,
e quem há de ir por Nós?” e, fortalecido pela idéia do toque divino,
ele respondeu: “Eis-me aqui, envia-me a mim.”