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Parábolas de Jesus
as épocas, que olhavam com desprezo àqueles que consideravam
publicanos e pecadores. Porque eles mesmos não caíram no mais
degradante vício, enchiam-se de justiça própria. Jesus enfrentou essa
gente ardilosa em seu próprio terreno. Como o filho mais velho da
parábola, desfrutavam de especiais privilégios de Deus. Diziam-se
filhos na casa de Deus, mas tinham o espírito de mercenários. Não
trabalhavam movidos por amor, mas pela esperança de recompensa.
A seus olhos, Deus era um feitor severo. Viam como Cristo convi-
dava os publicanos e pecadores para receber livremente as dádivas
de Sua graça — dádivas que os rabinos pensavam assegurar-se so-
mente por trabalho e penitência — e ofenderam-se. A volta do filho
pródigo, que encheu o coração paterno de alegria, provocava-lhes o
ciúme.
Na parábola, a intercessão do pai junto do primogênito era o
terno apelo do Céu aos fariseus. “Todas as Minhas coisas são tuas”
— não como salário mas como dádiva. Como o pródigo, somente
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podeis recebê-las como concessões imerecidas do amor paterno.
A justiça própria conduz os homens não somente a representar a
Deus falsamente, como os torna impiedosos e críticos para com seus
irmãos. O filho mais velho, em seu egoísmo e inveja, estava pronto
a observar o irmão, criticar todas as suas ações, e culpá-lo da menor
falta. Acusaria todo engano e exageraria quanto possível todo ato
errado. Desse modo pretendia justificar seu espírito irreconciliável.
Muitos fazem hoje o mesmo. Enquanto a pessoa enfrenta a primeira
luta contra um turbilhão de tentações, estão ao lado de zombeteiros,
obstinados, reclamando e acusando. Podem professar ser filhos de
Deus, mas manifestam o espírito de Satanás. Por seu procedimento
para com os irmãos, estes acusadores se colocam onde Deus não
pode fazer brilhar a luz de Seu semblante.
Quantos não perguntam constantemente: “Com que me apresen-
tarei ao Senhor e me inclinarei ante o Deus altíssimo? Virei perante
Ele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-Se-á o
Senhor de milhares de carneiros? De dez mil ribeiros de azeite?”
Miquéias 6:6, 7
. Mas “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que
é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames
a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus?”
Miquéias
6:8
.