Como é decidido nosso destino
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dentro de suas portas e dos pobres entre estes. Não deveriam procu-
rar ganhar tudo para o proveito próprio, antes deveriam lembrar-se
dos necessitados e repartir com eles. E Deus prometeu abençoá-los
de acordo com as suas obras de amor e misericórdia. Como o rico,
porém, não estendiam a mão auxiliadora para aliviar as necessi-
dades temporais e espirituais da humanidade sofredora. Cheios de
orgulho, consideravam-se o povo escolhido e favorecido de Deus;
contudo não serviam nem adoravam a Deus. Depositavam confiança
na circunstância de serem filhos de Abraão. “Somos descendência
de Abraão”, diziam, com altivez.
João 8:33
. Ao chegar a crise foi
revelado que se tinham divorciado de Deus, e confiado em Abraão
como se fosse Deus.
Cristo ansiava iluminar os espíritos entenebrecidos do povo ju-
deu. Dizia-lhes: “Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de
Abraão. Mas, agora, procurais matar-Me a Mim, homem que vos
tem dito a verdade que de Deus tem ouvido; Abraão não fez isso.”
João 8:39, 40
.
Cristo não reconhecia virtude na estirpe. Ensinava que a ligação
espiritual supera a natural. Os judeus diziam ser descendentes de
Abraão; porém, deixando de fazer as obras de Abraão, provavam não
ser seus verdadeiros filhos. Somente os que provam estar em har-
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monia espiritual com Abraão, obedecendo à voz de Deus, são tidos
como da legítima descendência. Embora o mendigo pertencesse à
classe pelos homens considerada inferior, Cristo o reconhecia como
alguém a quem Abraão tomaria na mais íntima amizade. Embora o
rico estivesse rodeado de todos os luxos da vida, era tão ignorante
que colocava a Abraão onde devia estar Deus. Se tivesse apreciado
seus elevados privilégios e permitisse que o Espírito de Deus lhe
moldasse o espírito e coração, teria procedido de maneira muito dife-
rente. O mesmo se dava com a nação que representava. Se tivessem
atendido ao convite divino, seu futuro seria totalmente diverso. Te-
riam mostrado verdadeiro discernimento espiritual. Possuíam meios
que Deus poderia multiplicar, tornando-os suficientes para abençoar
e iluminar todo o mundo. Tinham-se, porém, afastado tanto das pres-
crições do Senhor, que toda a sua vida estava pervertida. Deixaram
de usar as dádivas como mordomos de Deus de acordo com a ver-
dade e justiça. A eternidade não era tomada em consideração, e o
resultado de sua infidelidade foi ruína para toda a nação.