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Um sinal de grandeza
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confiantemente: “Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém,
eu.”
Marcos 14:27, 29
. Pedro não conhecia o perigo que o amea-
çava. A confiança própria enganou-o. Julgou-se capaz de resistir à
tentação; mas poucas horas depois veio a prova e, com blasfêmia e
perjúrio, negou seu Senhor.
Quando o cantar do galo lhe lembrou as palavras de Cristo,
surpreso e atônito pelo que acabava de fazer, voltou-se e olhou a
seu Mestre. Simultaneamente Cristo olhou a Pedro e sob aquele
olhar aflito em que se misturavam amor e compaixão por ele, Pedro
conheceu-se. Saiu e chorou amargamente. Aquele olhar de Cristo lhe
partiu o coração. Pedro chegara ao ponto decisivo, e amargamente se
arrependeu de seu pecado. Foi como o publicano em sua contrição e
arrependimento, e como o publicano achou também graça. O olhar
de Cristo lhe assegurou o perdão.
Findou aí sua confiança própria. Nunca mais foram repetidas as
velhas afirmações de auto-suficiência.
Depois da ressurreição, três vezes provou Cristo a Pedro. “Simão,
filho de Jonas”, disse, “amas-Me mais do que estes?”
João 21:15
.
Pedro agora não se exaltou sobre os irmãos. Apelou Àquele que
podia ler o coração. “Senhor”, respondeu, “Tu sabes tudo; Tu sabes
que eu Te amo.”
João 21:17
.
Recebeu então Sua incumbência. Foi-lhe apontada uma obra
mais ampla e mais delicada que antes. Cristo lhe ordenou apascentar
as ovelhas e os cordeiros. Confiando-lhe ao cuidado as pessoas pelas
quais o Salvador depusera a vida, deu Cristo a Pedro a maior prova
de estar convencido de sua reabilitação. O discípulo outrora inquieto,
orgulhoso, confiante em si mesmo, tornara-se submisso e contrito.
Desde então, seguiu o seu Senhor em abnegação e sacrifício próprio.
Era participante dos sofrimentos de Cristo; e quanto Ele Se assentar
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no trono de Sua glória, Pedro será um participante da mesma.
O mesmo mal que levou Pedro à queda e excluiu da comunhão
com Deus o fariseu, torna-se hoje a ruína de milhares. Nada é tão
ofensivo a Deus nem tão perigoso para o espírito humano como o
orgulho e a presunção. De todos os pecados é o que menos esperança
incute, e o mais irremediável. A queda de Pedro não foi repentina,
mas gradual. A confiança em si mesmo induziu-o à crença de que
estava salvo, e desceu passo a passo o caminho descendente até negar
a Seu Mestre. Jamais podemos confiar seguramente em nós mesmos