Página 106 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
de Faraó a Abraão foi amável e generosa; mas ordenou-lhe que
deixasse o Egito, pois não ousava permitir-lhe que aí permanecesse.
Sem o saber estivera a ponto de lhe fazer um grave mal; mas Deus
interviera e salvara o rei de cometer tão grande pecado. Faraó viu
neste estrangeiro um homem a quem o Deus do Céu honrava, e
receou ter em seu reino alguém que de maneira tão evidente se
achava sob o favor divino. Se Abraão ficasse no Egito, sua crescente
riqueza e honra seriam de molde a despertar a inveja e a cobiça dos
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egípcios, e algum agravo lhe poderia ser feito, pelo qual o rei seria
considerado como responsável, e o qual de novo poderia acarretar
juízos sobre a casa real.
A advertência feita a Faraó demonstrou ser uma proteção para
Abraão em suas relações posteriores com os povos gentios; pois tal
coisa não pode ser conservada em segredo, e viu-se que o Deus que
Abraão adorava, protegeria a Seu servo, e que qualquer mal a ele
feito seria vingado. Coisa perigosa é ocasionar dano a um dos filhos
do Rei do Céu. O salmista se refere a este capítulo da experiência de
Abraão, quando diz, falando do povo escolhido, que Deus “por amor
deles repreendeu reis, dizendo: Não toqueis nos Meus ungidos, e
não maltrateis os Meus profetas”.
Salmos 105:14, 15
.
Há uma semelhança interessante entre a experiência de Abraão
no Egito e a de sua posteridade, séculos mais tarde. Ambos desceram
ao Egito por causa de uma fome, e ambos ali residiram temporaria-
mente. Mediante as manifestações dos juízos divinos em seu favor o
seu temor caiu sobre os egípcios; e, enriquecidos pelas dádivas dos
gentios, saíram com muitos recursos.
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