A vocação de Abraão
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tais pessoas à prova; em Sua providência Ele as leva a posições
que provem seu caráter, e revelem defeitos e fraquezas que têm
estado ocultas ao seu próprio conhecimento. Dá-lhes oportunidade
para corrigirem tais defeitos e adaptarem-se ao Seu serviço. Mostra-
lhes suas fraquezas, e os ensina a buscar nEle o apoio; pois que
Ele é o seu único auxílio e salvaguarda. Assim é alcançado o Seu
objetivo. São educados, adestrados, disciplinados, preparados para
desempenharem o grandioso propósito para o qual lhes foram dadas
as suas capacidades. Quando Deus os chama à atividade, eles se
acham prontos, e anjos celestiais podem unir-se-lhes na obra a ser
cumprida na Terra.
Durante sua permanência no Egito, Abraão deu prova de que não
estava livre de fraqueza e imperfeição humana. Ocultando o fato de
que Sara era sua esposa, evidenciou desconfiança no cuidado divino,
falta daquela fé e coragem sublime tão freqüente e nobremente
exemplificada em sua vida. [...] Sara era “formosa à vista”, e ele
não duvidou de que os egípcios de pele morena, cobiçariam a bela
estrangeira, e que, a fim de consegui-la, não teriam escrúpulo de
matar a seu marido. Raciocinou que não seria culpado de falsidade
ao apresentar Sara como sua irmã; pois que era filha de seu pai,
posto que não de sua mãe. Mas esta ocultação da verdadeira relação
entre eles, era engano. Nenhum desvio da estrita integridade pode
encontrar a aprovação de Deus. Devido à falta de fé por parte de
Abraão, Sara foi posta em grande perigo. O rei do Egito, sendo
informado de sua beleza, fez com que ela fosse levada ao seu palácio,
tencionando fazer dela sua esposa. Mas o Senhor, em Sua grande
misericórdia, protegeu a Sara, enviando juízos sobre a casa real. Por
este meio o rei soube a verdade a tal respeito; e, indignado pelo
engano praticado para com ele, reprovou Abraão, e restituiu-lhe a
esposa, dizendo: “Que é isto que me fizeste? [...] Por que disseste: É
minha irmã? de maneira que a houvera tomado por minha mulher;
agora, pois, eis aqui tua mulher; toma-a e vai-te”.
Gênesis 12:18, 19
.
Abraão tinha sido grandemente favorecido pelo rei; mesmo agora
Faraó não permitiu que se fizesse mal a ele ou à sua multidão, antes
ordenou que uma guarda os conduzisse em segurança para fora de
seus domínios. Por esse tempo fizeram-se leis que proibiam aos
egípcios relações tais com os pastores estrangeiros que os levassem
a ter familiaridade para comerem ou beberem com eles. A despedida