Página 110 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
mas tão-somente para serem completamente derrotados. Grande
parte do exército foi trucidada; e os que escaparam fugiram para
as montanhas em busca de segurança. Os vitoriosos saquearam as
cidades da planície, e partiram com rico despojo e muitos cativos,
entre os quais se encontrava Ló com sua família.
Abraão, habitando em paz nos carvalhais de Manre, soube por
um dos fugitivos a história da batalha, e a calamidade que sobreviera
ao sobrinho. Não alimentara qualquer lembrança desagradável da
ingratidão de Ló. Despertou-se toda a sua afeição por ele, e decidiu
que devia ser libertado. Procurando antes de tudo o conselho divino,
Abraão preparou-se para a guerra. Do seu próprio acampamento
convocou trezentos e dezoito servos adestrados, homens ensinados
no temor de Deus, no serviço de seu senhor, e no uso das armas.
Seus aliados, Manre, Escol e Aner, uniram-se a ele com os seus
grupos, e juntos partiram em perseguição dos invasores. Os elamitas
e seus aliados tinham-se acampado em Dã, na fronteira ao Norte de
Canaã. Entusiasmados pela vitória, e não tendo receio de um assalto
por parte de seus adversários vencidos, entregaram-se à orgia. O
patriarca dividiu suas forças de modo a aproximar-se por diversas
direções, e veio sobre o acampamento à noite. Seu ataque, tão vigo-
roso e inesperado, resultou em uma rápida vitória. O rei de Elão foi
morto, e suas forças, tomadas de pânico foram postas em fuga. Ló
e sua família, com todos os prisioneiros e seus bens, foram recupe-
rados, e um rico despojo caiu nas mãos dos vitoriosos. A Abraão,
abaixo de Deus, foi devido o triunfo. O adorador de Jeová não so-
mente havia prestado um grande serviço ao país, mas mostrara-se
ser um homem de valor. Viu-se que a justiça não é covardia, e que a
religião de Abraão tornava-o corajoso ao manter o direito e defender
os oprimidos. Seu heróico ato deu-lhe uma dilatada influência entre
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as tribos circunvizinhas. À sua volta, o rei de Sodoma saiu com seu
séquito para honrar o vencedor. Rogou-lhe que tomasse os bens,
pedindo tão-somente que os prisioneiros fossem restituídos. Pelos
usos da guerra, o despojo pertencia aos vencedores; mas Abraão não
empreendera esta expedição com o intuito de lucros, e recusou-se a
tirar vantagem daquele que fora infeliz, estipulando apenas que seus
aliados recebessem a parte a que tinham direito.
Poucos, sendo submetidos a tal prova, ter-se-iam mostrado tão
nobres como Abraão. Poucos teriam resistido à tentação de adquirir