Abraão em Canaã
113
o espírito com a majestade e glória do Deus vivo como o verdadeiro
objeto de culto.
Foi uma sábia disposição, que o próprio Deus tomara, a de se-
parar Seu povo, tanto quanto possível, da ligação com os gentios,
fazendo do mesmo um povo que habitasse só, e que não fosse con-
tado entre as nações. Ele havia separado Abraão de sua parentela
idólatra, para que o patriarca pudesse ensinar e educar a família,
afastados das influências sedutoras que os cercariam na Mesopotâ-
mia, e para que a verdadeira fé pudesse ser preservada em sua pureza
pelos descendentes, de geração em geração.
A afeição de Abraão para com seus filhos e sua casa, levou-o a
guardar a fé religiosa dos mesmos, a comunicar-lhes o conhecimento
dos estatutos divinos, como o legado mais precioso que ele lhes
poderia transmitir, e por meio deles ao mundo. A todos se ensinava
que estavam sob o governo do Deus do Céu. Não deveria haver
opressão por parte dos pais, nem desobediência por parte dos filhos.
A lei de Deus havia indicado a cada um os seus deveres, e apenas na
obediência a ela poderia alguém conseguir felicidade e prosperidade.
Seu próprio exemplo, a influência silenciosa de sua vida diária,
eram uma lição constante. A persistente integridade, a beneficência
e cortesia abnegada, que haviam conquistado a admiração dos reis,
eram ostentadas em seu lar. Havia uma fragrância em torno de sua
vida, uma nobreza e formosura de caráter, que revelavam a todos
que ele estava em ligação com o Céu. Ele não negligenciava a alma
do mais humilde servo. Em sua casa não havia uma lei para o senhor
e outra para o servo; um régio caminho para o rico, e outro para o
pobre. Todos eram tratados com justiça e compaixão, como herdeiros
com ele da graça da vida.
Ele “há de ordenar a sua casa”.
Gênesis 26:5
. Não haveria uma
negligência pecaminosa em restringir as más propensões de seus
filhos, tampouco qualquer favoritismo fraco, imprudente, condes-
cendente; nem renúncia à sua convicção do dever ante as exigências
de uma afeição mal-entendida. Abraão não somente dava a instrução
exata, mas mantinha a autoridade de leis justas e retas.
Quão poucos há em nossos dias que seguem este exemplo! Por
parte de muitos pais há um sentimentalismo cego e egoísta, impro-
priamente chamado amor, que se manifesta deixando-se as crianças,
com o juízo ainda por formar-se e as paixões indisciplinadas, à di-