Página 133 - Patriarcas e Profetas (2007)

Basic HTML Version

A destruição de Sodoma
129
da cidade, e as multidões em busca de divertimentos passavam de
um lado para outro, preocupadas com os prazeres daquela hora.
Ao entardecer, dois estrangeiros se aproximaram da porta da
cidade. Eram aparentemente viajantes, vindo para pernoitarem. Nin-
guém poderia discernir naqueles humildes viajantes os poderosos
arautos do juízo divino, e mal sonhava a multidão alegre e descui-
dada que, em seu tratamento a esses mensageiros celestiais naquela
mesma noite, atingiriam o auge do crime que condenou sua orgu-
lhosa cidade. Houve, porém, um homem que manifestou amável
atenção para com os estranhos, e os convidou para sua casa. Ló não
sabia do verdadeiro caráter deles, mas a polidez e a hospitalidade
eram nele habituais; faziam parte de sua religião — lições que ele
havia aprendido pelo exemplo de Abraão. Se ele não houvesse culti-
vado o espírito de cortesia, poderia ter sido deixado a perecer com o
resto de Sodoma. Muita casa, fechando suas portas a um estranho,
excluiu o mensageiro de Deus, que teria trazido bênção, esperança e
paz.
Cada ato da vida, por pequeno que seja, tem sua influência para
o bem ou para o mal. A fidelidade ou a negligência naquilo que apa-
rentemente são os menores deveres, pode abrir a porta para as mais
[107]
ricas bênçãos da vida ou para as suas maiores calamidades. São as
pequenas coisas que provam o caráter. São os atos despretensiosos
de abnegação diária, praticados com um coração prazenteiro e volun-
tário, que Deus aprova. Não devemos viver para nós mesmos, mas
para outrem. E é apenas pelo esquecimento de nós mesmos, alimen-
tando um espírito amorável, auxiliador, que podemos tornar nossa
vida uma bênção. As pequenas atenções, as cortesias pequenas e
singelas, muito representam no perfazer o total da felicidade da vida;
e a negligência destas coisas constitui não pequena participação na
desgraça humana.
Vendo o desacato a que os estranhos estavam expostos em
Sodoma, Ló tornou um de seus deveres guardá-los ao entrarem,
oferecendo-lhes acolhimento em sua casa. Estava assentado à porta
quando os viajantes se aproximavam, e, observando-os, levantou-se
de seu lugar para os encontrar, e curvando-se polidamente disse:
“Eis agora, meus senhores, entrai, peço-vos, em casa de vosso servo,
e passai nela a noite”. Eles pareciam declinar de sua hospitalidade,
dizendo: “Não, antes na rua passaremos a noite”.
Gênesis 19:2
.