Página 16 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
Não tinha havido mudança alguma na posição ou autoridade de
Cristo. A inveja e falsa representação de Lúcifer, bem como sua pre-
tensão à igualdade com Cristo, tornaram necessária uma declaração
a respeito da verdadeira posição do Filho de Deus; mas esta havia
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sido a mesma desde o princípio. Muitos dos anjos, contudo, ficaram
cegos pelos enganos de Lúcifer.
Tirando vantagem da amável e leal confiança nele depositada
pelos seres santos que estavam sob suas ordens, com tal arte infil-
trara em suas mentes a sua própria desconfiança e descontentamento
que sua participação não foi percebida. Lúcifer havia apresentado
os propósitos de Deus sob uma luz falsa, interpretando-os mal e
torcendo-os, de modo a incitar a dissensão e descontentamento. As-
tuciosamente levou os ouvintes a dar expressão aos seus sentimentos;
então eram tais expressões repetidas por ele quando isto servisse
aos seus intuitos, como prova de que os anjos não estavam comple-
tamente de acordo com o governo de Deus. Ao mesmo tempo em
que, de sua parte, pretendia uma perfeita fidelidade para com Deus,
insistia que modificações na ordem e leis do Céu eram necessárias
para a estabilidade do governo divino. Assim, enquanto trabalhava
para provocar oposição à lei de Deus, e infiltrar seu próprio des-
contentamento na mente dos anjos sob seu mando, ostensivamente
estava ele procurando remover o descontentamento e reconciliar
anjos desafetos com a ordem do Céu. Ao mesmo tempo em que
secretamente fomentava a discórdia e a rebelião, com uma astúcia
consumada fazia parecer como se fosse seu único intuito promover
a lealdade, e preservar a harmonia e a paz.
O espírito de descontentamento que assim se acendera, estava
a fazer sua obra funesta. Conquanto não houvesse uma insurreição
declarada, a divisão de sentimentos imperceptivelmente crescia entre
os anjos. Alguns havia que olhavam com favor para as insinuações
de Lúcifer contra o governo de Deus. Posto que tivessem estado
até ali em perfeita harmonia com a ordem que Deus estabelecera,
achavam-se agora descontentes e infelizes, porque não podiam pe-
netrar Seus conselhos insondáveis; não estavam satisfeitos com Seu
propósito de exaltar a Cristo. Estes se encontravam prontos para
apoiar a exigência de Lúcifer para ter autoridade igual à do Filho de
Deus. Entretanto, anjos que eram fiéis e verdadeiros sustentavam a
sabedoria e justiça do decreto divino, e se esforçavam por reconci-