Por que foi permitido o pecado?
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liar este ser desafeto com a vontade de Deus. Cristo era o Filho de
Deus; tinha sido um com Ele antes que os anjos fossem chamados à
existência. Sempre estivera Ele à destra do Pai; Sua supremacia, tão
cheia de bênção a todos os que vinham sob Seu domínio benigno,
não havia até então sido posta em dúvida. A harmonia do Céu nunca
fora interrompida; por que deveria agora haver discórdia? Os anjos
fiéis apenas podiam ver conseqüências terríveis para esta dissensão,
e com rogos ansiosos aconselhavam os que estavam desafetos a
renunciarem seu intuito e se mostrarem leais para com Deus, pela
fidelidade ao Seu governo.
Com grande misericórdia, de acordo com o Seu caráter divino,
Deus suportou longamente a Lúcifer. O espírito de descontenta-
mento e desafeição nunca antes havia sido conhecido no Céu. Era
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um elemento novo, estranho, misterioso, inexplicável. O próprio
Lúcifer não estivera a princípio ciente da natureza verdadeira de
seus sentimentos; durante algum tempo receou exprimir a ação e
imaginações de sua mente; todavia não as repeliu. Não via para onde
se deixava levar. Entretanto, esforços que somente o amor e a sabe-
doria infinitos poderiam imaginar, foram feitos para convencê-lo de
seu erro. Provou-se que sua desafeição era sem causa, e fez-se-lhe
ver qual seria o resultado de persistir em revolta. Lúcifer estava con-
vencido de que não tinha razão. Viu que “justo é o Senhor em todos
os Seus caminhos, e santo em todas as Suas obras” (
Salmos 145:17
);
que os estatutos divinos são justos, e que, como tais, ele os deveria
reconhecer perante todo o Céu. Houvesse ele feito isto, e poderia
ter salvo a si mesmo e a muitos anjos. Ele não tinha naquele tempo
repelido totalmente sua lealdade a Deus. Embora tivesse deixado sua
posição como querubim cobridor, se contudo estivesse ele disposto
a voltar para Deus, reconhecendo a sabedoria do Criador, e satisfeito
por preencher o lugar a ele designado no grande plano de Deus, teria
sido reintegrado em suas funções. Chegado era o tempo para um
decisão final; deveria render-se completamente à soberania divina,
ou colocar-se em franca rebelião. Quase chegou à decisão de voltar;
mas o orgulho o impediu disto. Era sacrifício demasiado grande,
para quem fora tão altamente honrado, confessar que estivera em
erro, que suas imaginações eram errôneas, e render-se à autoridade
que ele procurara demonstrar ser injusta.