Página 162 - Patriarcas e Profetas (2007)

Basic HTML Version

158
Patriarcas e Profetas
Foi combinado que devia prestar sete anos de serviço a Labão pela
mão de Raquel.
Nos tempos primitivos, exigia o costume que o noivo, antes
da confirmação do contrato de casamento, pagasse uma soma de
dinheiro, ou seu equivalente em outras propriedades, conforme as
suas circunstâncias, ao pai da noiva. Isto era considerado como uma
salvaguarda à relação matrimonial. Os pais não julgavam de bom
aviso confiar a felicidade de suas filhas a homens que não haviam
feito as devidas provisões para a manutenção de uma família. Se não
possuíam tino econômico suficiente e energia para dirigir negócios e
adquirir gado ou terras, receava-se que sua vida se mostrasse inútil.
Mas tomava-se providência para provar aqueles que nada tinham
para pagar por uma esposa. Permitia-se-lhes trabalhar para o pai,
cuja filha amavam, sendo a duração do tempo determinada pelo valor
do dote exigido. Quando o pretendente era fiel em seu trabalho, e
provava ser digno em outros sentidos, obtinha a filha como esposa;
e geralmente o dote que o pai recebera era dado a ela por ocasião
do casamento. Tanto no caso de Raquel como no de Léia, reteve
entretanto Labão, egoistamente, o dote que lhes teria sido dado;
referiram-se a isto quando disseram, precisamente antes da mudança
de Mesopotâmia: “Vendeu-nos, e comeu todo o nosso dinheiro”.
Gênesis 31:15
.
O antigo costume, se bem que algumas vezes do mesmo se
abusasse, assim como o fizera Labão, produzia bons resultados.
Quando se exigia do pretendente prestar serviços, a fim de obter a sua
noiva, evitava-se um casamento precipitado, e havia oportunidade de
provar-se a profundidade de seu afeto, bem como sua habilidade para
prover as necessidades de uma família. Em nossos tempos, muitos
males resultam de seguir uma conduta oposta. Freqüentemente dá-se
o caso que pessoas, antes do casamento, têm pouca oportunidade
de se familiarizarem com os hábitos e disposições uma da outra,
e, quanto ao que se refere à vida diária, são virtualmente estranhas
quando no altar unem os seus interesses. Muitos acham, demasiado
tarde, que não se adaptam um ao outro, e a desgraça por toda a
vida é o resultado de sua união. Freqüentes vezes a esposa e os
filhos sofrem pela indolência e inépcia, ou pelos hábitos viciosos
do marido e pai. Se o caráter do pretendente houvesse sido provado
antes do casamento, conforme o antigo costume, poder-se-ia ter
[130]