Página 171 - Patriarcas e Profetas (2007)

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A noite de luta
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mãos trêmulas nas promessas de Deus, e o coração do Amor infinito
não podia desviar o rogo do pecador.
O erro que determinara o pecado de Jacó ao obter pela fraude a
primogenitura, achava-se agora apresentado claramente diante dele.
Não havia confiado nas promessas de Deus, mas procurara pelos seus
próprios esforços efetuar aquilo que Deus teria cumprido no tempo e
modo que Lhe aprouvessem. Como prova de que fora perdoado, seu
nome foi mudado de um nome que lembrava seu pecado para outro
que comemorava sua vitória. “Não se chamará mais o teu nome
Jacó” [suplantador], disse o Anjo, “mas Israel; pois como príncipe
lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste”.
Gênesis 32:28
.
Jacó tinha recebido a bênção que seu coração havia anelado. Seu
pecado como suplantador e enganador fora perdoado. Era passada
a crise de sua vida. A dúvida, a perplexidade e o remorso lhe ti-
nham amargurado a existência, mas agora tudo estava transformado;
e doce era a paz de reconciliação com Deus. Jacó não mais rece-
ava encontrar seu irmão. Deus, que lhe perdoara o pecado, poderia
mover o coração de Esaú também para aceitar sua humilhação e
arrependimento.
Enquanto Jacó estava a lutar com o Anjo, outro mensageiro
celeste foi enviado a Esaú. Em sonho viu Esaú seu irmão, que
durante vinte anos fora um exilado da casa de seu pai, testemunhou-
lhe a dor ao encontrar morta a mãe, viu-o rodeado pelos exércitos
de Deus. Este sonho foi relatado por Esaú aos seus soldados, com
a ordem de não fazerem mal a Jacó; pois o Deus de seu pai estava
com ele.
Os dois grupos finalmente se aproximaram um do outro, con-
duzindo o chefe do deserto seus homens de guerra, e estando Jacó
com suas esposas e filhos, acompanhados dos pastores e servas, e
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seguidos de longas fileiras de rebanhos e gado. Apoiado em seu
cajado, o patriarca saiu para a frente a fim de encontrar-se com o
grupo de soldados. Estava pálido e inutilizado em conseqüência de
seu recente conflito, e andava vagarosa e penosamente, parando a
cada passo; mas tinha o rosto iluminado por alegria e paz.
À vista daquele sofredor coxo, “Esaú correu-lhe ao encontro, e
abraçou-o, e lançou-se sobre o seu pescoço, e beijou-o; e choraram”.
Gênesis 33:4
. Ao olharem para esta cena, mesmo os rudes soldados
de Esaú ficaram tocados. Não obstante haver-lhes ele contado seu