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Patriarcas e Profetas
sonho, não podiam ver a razão da mudança que sobreviera a seu ca-
pitão. Posto que vissem a enfermidade do patriarca, mal imaginavam
que esta sua fraqueza se tornara a sua força.
Em sua noite de angústia, ao lado do Jaboque, quando a des-
truição parecia estar precisamente diante dele, ensinara-se a Jacó
quão vão é o auxílio do homem, quão destituída de fundamento é
toda a confiança na força humana. Viu que seu único auxílio devia
vir dAquele contra quem tão ofensivamente pecara. Desamparado
e indigno, rogou a promessa de misericórdia de Deus, ao pecador
arrependido. Aquela promessa foi a sua certeza de que Deus lhe
perdoaria e o aceitaria. Mais facilmente poderiam o céu e a Terra
passar do que falhar aquela palavra; e foi isto o que o alentou durante
aquele terrível conflito.
A experiência de Jacó durante aquela noite de luta e angústia,
representa a prova pela qual o povo de Deus deverá passar preci-
samente antes da segunda vinda de Cristo. O profeta Jeremias, em
santa visão, olhando para este tempo, disse: “Ouvimos uma voz
de tremor, de temor mas não de paz [...] Por que se têm tornado
macilentos todos os rostos? Ah! porque aquele dia é tão grande, que
não houve outro semelhante! e é tempo de angústia para Jacó; ele
porém será livrado dela”.
Jeremias 30:5-7
.
Quando Cristo cessar a Sua obra como mediador em prol do
homem, então começará este tempo de angústia. Ter-se-á então
decidido o caso de toda alma, e não haverá sangue expiatório para
purificar do pecado. Ao deixar Jesus Sua posição como intercessor
do homem junto a Deus, faz-se o solene anúncio: “Quem é injusto,
faça injustiça ainda; e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é
justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda”.
Apocalipse 22:11
. Então o Espírito repressor de Deus é retirado
da Terra. Assim como Jacó foi ameaçado de morte por seu irmão
irado, o povo de Deus estará em perigo por parte dos ímpios, que
procurarão destruí-los. E assim como o patriarca lutou toda a noite
para conseguir livramento da mão de Esaú, clamarão os justos a
Deus dia e noite por livramento dos inimigos que os cercam.
Satanás acusara Jacó diante dos anjos de Deus, pretendendo o
direito de destruí-lo por causa de seu pecado; levara Esaú a marchar
contra ele; e, durante a longa noite de luta do patriarca, Satanás
esforçou-se por impor-lhe a intuição de sua culpa, a fim de o desa-