Página 20 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
Mesmo os anjos fiéis não podiam discernir-lhe completamente o
caráter, ou ver para onde sua obra estava a levar.
Lúcifer havia a princípio dirigido suas tentações de tal maneira
que ele próprio não pareceu achar-se comprometido. Os anjos que
ele não pôde trazer completamente para o seu lado, acusou-os de
indiferença aos interesses dos seres celestiais. Da mesma obra que
ele próprio estava a fazer, acusou os anjos fiéis. Consistia sua astúcia
em perturbar com argumentos sutis, referentes aos propósitos de
Deus. Tudo que era simples ele envolvia em mistério, e por meio de
artificiosa perversão lançava a dúvida sobre as mais claras declara-
ções de Jeová. E sua elevada posição, tão intimamente ligada com o
governo divino, dava maior força a suas representações.
Deus apenas podia empregar meios que fossem coerentes com
a verdade e justiça. Satanás podia usar o que Deus não podia —
a lisonja e o engano. Procurara falsificar a Palavra de Deus, e de
maneira errônea figurara Seu plano de governo, pretendendo que
Deus não era justo ao impor leis aos anjos; que, exigindo submissão
e obediência de Suas criaturas, estava simplesmente a procurar a
exaltação de Si mesmo. Era, portanto, necessário demonstrar perante
os habitantes do Céu, e de todos os mundos, que o governo de Deus
é justo, que Sua lei é perfeita. Satanás fizera com que parecesse estar
ele procurando promover o bem do Universo. O verdadeiro caráter
do usurpador e seu objetivo real devem ser compreendidos por todos.
Ele deve ter tempo para manifestar-se pelas suas obras iníquas.
A discórdia que sua conduta determinara no Céu, Satanás lançara
sobre o governo de Deus. Todo o mal declarou ele ser o resultado da
administração divina. Alegava que era seu objetivo aperfeiçoar os
estatutos de Jeová. Por isso permitiu Deus que ele demonstrasse a
natureza de suas pretensões, a fim de mostrar o efeito de suas pro-
postas mudanças na lei divina. A sua própria obra o deve condenar.
Satanás pretendera desde o princípio que não estava em rebelião. O
Universo todo deve ver o enganador desmascarado.
Mesmo quando foi expulso do Céu, a Sabedoria infinita não
destruiu Satanás. Visto que unicamente o serviço de amor pode
ser aceito por Deus, a fidelidade de Suas criaturas deve repousar
em uma convicção de Sua justiça e benevolência. Os habitantes do
Céu, e dos mundos, não estando preparados para compreender a
natureza ou conseqüência do pecado, não poderiam ter visto então