Página 209 - Patriarcas e Profetas (2007)

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José e seus irmãos
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seus irmãos era profundo e abnegado, e ele ficou compungido com
o pensamento de que o julgassem capaz de acariciar um espírito de
vingança para com eles. “Não temais”, disse ele, “porque porventura
estou eu no lugar de Deus? Vós bem intentastes mal contra mim,
porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para
conservar em vida um povo grande; agora pois não temais; eu vos
sustentarei a vós e a vossos meninos”.
Gênesis 50:16-21
.
A vida de José ilustra a de Cristo. Foi a inveja que moveu os
irmãos de José a vendê-lo como escravo; tiveram a esperança de
impedir que se tornasse maior do que eles. E, quando foi levado
para o Egito, lisonjearam-se de que não mais seriam perturbados
com os seus sonhos; de que haviam removido toda a possibilidade
de sua realização. Mas sua conduta foi dirigida por Deus a fim de
levar a efeito o mesmo acontecimento que tencionavam impedir.
Semelhantemente os sacerdotes e anciãos judeus estavam invejosos
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de Cristo, receando que deles atraísse a atenção do povo. Mataram-
nO para impedir que se tornasse rei, mas estiveram desta maneira a
efetuar este mesmo resultado.
José, mediante seu cativeiro no Egito, tornou-se um salvador
para a família de seu pai; contudo, este fato não diminuiu a culpa
de seu irmãos. Semelhantemente, a crucificação de Cristo, pelos
Seus inimigos, dEle fez o Redentor da humanidade, o Salvador de
uma raça decaída, e Governador do mundo inteiro; mas o crime
de Seus assassinos foi precisamente tão hediondo como se a mão
providencial de Deus não houvesse dirigido os acontecimentos para
Sua glória e o bem do homem.
Assim como José foi vendido aos gentios por seus próprios
irmãos, foi Cristo vendido aos piores de Seus inimigos por um de
Seus discípulos. José foi acusado falsamente e lançado na prisão
por causa de sua virtude; assim Cristo foi desprezado e rejeitado
porque Sua vida justa, abnegada, era uma repreensão ao pecado;
e, se bem que não tivesse a culpa de falta alguma, foi condenado
pelo depoimento de testemunhas falsas. E a paciência e humildade
de José sob a injustiça e a opressão, seu perdão pronto e a nobre
benevolência para com seus irmãos desnaturados, representam o
resignado sofrimento do Salvador, pela malícia e maus-tratos de
homens ímpios, e Seu perdão não somente aos Seus assassinos, mas