Página 216 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
punhar o cetro do poder. Sua grandeza intelectual o distingue, acima
dos grandes homens de todos os tempos. Como historiador, poeta,
filósofo, general de exércitos e legislador, não tem par. Todavia, com
o mundo diante de si, teve a força moral para recusar as lisonjeiras
perspectivas da riqueza, grandeza e fama, “escolhendo antes ser
maltratado com o povo de Deus do que por um pouco de tempo ter
o gozo do pecado”.
Moisés fora instruído com relação à recompensa final a ser dada
aos humildes e obedientes servos de Deus, e as vantagens mundanas
tombaram na insignificância que lhes é própria em comparação com
aquela recompensa. O palácio luxuoso de Faraó e seu trono foram
apresentados como um engano a Moisés; sabia ele, porém, que os
prazeres pecaminosos que fazem os homens se esquecerem de Deus,
achavam-se nos palácios senhoriais. Ele olhava para além do magní-
fico palácio, para além da coroa do rei, para as altas honras que serão
conferidas aos santos do Altíssimo, em um reino incontaminado
pelo pecado. Viu pela fé uma coroa incorruptível que o Rei do Céu
colocaria sobre a fronte do vencedor. Esta fé o levou a desviar-se
dos nobres da Terra, e unir-se à nação humilde, pobre e desprezada
que preferira obedecer a Deus a servir ao pecado.
Moisés ficou na corte até a idade de quarenta anos. Seus pensa-
mentos volviam muitas vezes à condição vil de seu povo, e visitava
os irmãos em sua servidão, e os animava com a segurança de que
Deus agiria em seu livramento. Muitas vezes, compungindo até à
indignação à vista da injustiça e opressão, ardia por vingar suas
afrontas. Um dia, em que estava fora, vendo um egípcio ferir um is-
raelita, lançou-se entre eles e matou o egípcio. Exceto o israelita, não
houvera testemunha dessa ação; e Moisés imediatamente sepultou o
corpo na areia. Ele se mostrara agora pronto para sustentar a causa
de seu povo, e esperava vê-los levantar-se a fim de recuperar sua
liberdade. “Ele cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus lhes
havia de dar a liberdade pela sua mão; mas eles não entenderam”.
Atos dos Apóstolos 7:25
. Ainda não estavam preparados para a
liberdade. No dia seguinte Moisés viu dois hebreus que contendiam
entre si, estando um deles evidentemente em falta, Moisés repro-
vou o delinqüente, que logo se desforrou daquele que o reprovava,
negando o seu direito de intervir, e vilmente acusando-o de crime.