Moisés
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“Quem te tem posto a ti por maioral e juiz sobre nós?” disse ele.
“Pensas matar-me, como mataste ao egípcio?”
Êxodo 2:14
.
Toda a questão depressa se tornou conhecida pelos egípcios, e,
grandemente exagerada, logo chegou aos ouvidos de Faraó. Fez-se
parecer ao rei que este ato significava muito; que Moisés tencionava
levar seu povo contra os egípcios, subverter o governo, e sentar-se
no trono; e que não poderia haver segurança para o reino enquanto
ele vivesse. De pronto foi resolvido pelo rei que ele morresse; mas,
apercebendo-se de seu perigo, escapou, e fugiu rumo da Arábia.
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O Senhor dirigiu os seus passos, e ele encontrou acolhida em casa
de Jetro, sacerdote e príncipe de Midiã, que também era adorador
de Deus. Depois de algum tempo, Moisés desposou uma das filhas
de Jetro; e ali, ao serviço de seu sogro, como guardador de seus
rebanhos, permaneceu quarenta anos.
Matando o egípcio, Moisés caíra no mesmo erro tantas vezes
cometido por seus pais, de tomar nas próprias mãos a obra que Deus
prometera fazer. Não era vontade de Deus libertar o Seu povo pela
guerra, como Moisés pensava, mas pelo Seu próprio grande poder,
para que a glória Lhe fosse atribuída a Ele tão-somente. Todavia,
mesmo este ato precipitado foi ainda encaminhado por Deus a fim
de cumprir Seus propósitos. Moisés não estava preparado para a sua
grande obra. Tinha ainda a aprender a mesma lição de fé que havia
sido ensinada a Abraão e Jacó — não confiar na força e sabedo-
ria humanas, mas no poder de Deus, para o cumprimento de Suas
promessas. E havia outras lições que, em meio da solidão das monta-
nhas, devia Moisés receber. Na escola da abnegação e dificuldades,
ele devia aprender a paciência, a moderar as suas paixões. Antes que
pudesse governar sabiamente, devia ser ensinado a obedecer. Seu
coração devia estar completamente em harmonia com Deus, antes
de poder ele ensinar o conhecimento de Sua vontade a Israel. Pela
sua própria experiência devia estar preparado a exercer um cuidado
paternal sobre todos os que necessitavam de seu auxílio.
O homem teria dispensado aquele longo período de labuta e obs-
curidade, julgando-o uma grande perda de tempo. Mas a Sabedoria
infinita chamou aquele que se tornaria o dirigente de Seu povo, a
passar quarenta anos no humilde trabalho de pastor. Os hábitos de
exercer o cuidado, do esquecimento de si mesmo, e de terna so-
licitude pelo seu rebanho, assim desenvolvidos, prepará-lo-iam a